quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Mito do mercado? Joseph Kennedy e a história do engraxate


Uma história muito interessante, mas que pra mim não passa de uma série de informações privilegiadas, além da experiência de J. Kennedy nos mercados da época.

Confiram:

Por Roberto Altenhofen Pires Pereira

Irônico

A trajetória de J. Kennedy revela algumas curiosidades. Ironicamente, era conhecido como um investidor agressivo, extremamente ganancioso. Relatos apontam que ele chegou a comercializar bebidas alcoólicas durante o período de Lei Seca nos Estados Unidos, entre outras coisas.

Apesar deste perfil, Kennedy se tornou presidente da SEC (Securities and Exchange Commission), o órgão regulador do mercado norte-americano, entre 1934 e 1935, cargo geralmente associado a um perfil mais conservador. O que não era seu caso.

A origem da fortuna de Kennedy é associada a práticas especulativas com ações e contratos de commodities. No posto de chairman da SEC, entretanto, desenvolveu mecanismos de controle das atividades especuladoras e voltou esforços contra possibilidades de manipulação do mercado acionário e o uso de informação privilegiada.

Insider

Seu primeiro emprego após a graduação em Harvard foi como analista de um banco estatal. O perfil arrojado de Kennedy começou a aparecer quando o banco que seu pai possuía participação, o Columbia Trust Bank, se deparou com a possibilidade de concordata. Kennedy emprestou cerca de US$ 45 mil de familiares e amigos e assumiu o controle da instituição, se tornando presidente do banco aos 25 anos.

Além do setor financeiro, os negócios de Kennedy também circulavam pelo segmento imobiliário, com a aquisição de companhias que apresentavam problemas para se manter. Mas seu contato com o setor bancário que lhe rendeu o contato com Wall Street.

Naquela época, o mercado passava por fase de grande desenvolvimento, e enfrentava um prolongado bull market que acabaria por culminar na crise de 1929. As atividades eram pouco regulamentadas e Kennedy é reconhecido praticante de estratégias que depois seriam rotuladas de manipulação de ativos e insider trading - utilização de informações privilegiadas -, e seriam combatidas quando o próprio Kennedy assumiu a SEC.

O engraxate

Neste bull market, Kennedy operou contratos de commodities e ativos principalmente ligados ao setor imobiliário. Mas suas grandes tacadas sempre partiam dos períodos de adversidade. Aí aparece sua tão famosa lição.

A lenda conta que, já dono de uma vasta carteira de ações, Kennedy parou para engraxar seus sapatos numa quarta-feira e ficou surpreso ao receber conselhos de investimento de seu engraxate. Como o mercado de ações era ambiente de investidores ricos e pessoas de renome na época, Kennedy julgou que algo estava errado.

Após ouvir conselhos do engraxate, resolveu vender todas as ações que possuía no mesmo dia. Por timing ou ironia do destino, a quinta-feira seguinte ficou marcada na história como a "Black Thursday", a quebra da bolsa de Nova York e um dos marcos iniciais da Grande Depressão. O valor das ações derreteu, mas Kennedy estava fora.

O caso de Joseph Kennedy encobre um período de bolha nos preços dos ativos, de supervalorização dos papéis. Talvez pela tamanha popularidade que o mercado de ações havia atingido, pelas proporções surreais que os preços haviam tomado. Para a história, fica uma das mais famosas lições de investimento: quando até seu engraxate lhe dá conselhos sobre o mercado, talvez seja hora de sair dele. Sem desmerecer a profissão.


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