Na série personagens do mercado, do site Infomoney, Roberto Altenhofen postou sobre uma pessoa que é bastante conhecida das pessoas que acompanham a história de Warren, mas que é totalmente desconhecida para os leigos. Charlie Munger, o melhor amigo de Buffet e um grande influenciador sobre suas ideias, é uma peça chave na história da Berkshire e também na vida de Buffet.
Quem já teve a oportunidade de ler A Bola de Neve, sabe do que eu estou falando. Charlie Munger é citado muitas vezes no livro, além de ficar claro na história os momentos nos quais ele mais influenciou a jornada de Buffet.
Não deixem de ler o resto do post.
Por: Roberto Altenhofen Pires Pereira
SÃO PAULO – Dois raios no mesmo lugar. Warren Buffett saiu de Omaha para se tornar uma das principais referências no mundo dos investimentos. Por todos os lados, milhões de apaixonados pelo mercado de ações assumem os passos do velhinho para compor seus respectivos perfis como investidor.
Mas de todos, quem mais se aproxima do próprio Buffett também faz parte dos pouco mais de 390 mil habitantes do município mais populoso do estado norte-americano de Nebraska. Apesar de ambientadas na mesma Omaha, história por história, a de Charlie Munger revela diversos fatos que apontam contra os rumos escolhidos por Buffett. Todos eles, porém, o levam para o mesmo lugar: ao lado do famoso mega-investidor.
Buffett & Son
O primeiro emprego do bilionário chairman da Berkshire Hathaway foi na mercearia de seu avô, a Buffett & Son. Munger também trabalhou na loja, mas em época diferente. Os dois se encontraram pela primeira vez em 1959, apresentados por um amigo em comum. Na ocasião, Munger já advogava, após se formar em Direito pela Universidade de Harvard, e chegou a montar o escritório Munger, Tolles, & Olson. Mas seu destino era outro.
Após o contato inicial, a afinidade com Buffett ficou evidente. As prolongadas conversas entre os amigos inegavelmente ajudaram Munger a optar pelo caminho dos investimentos. A partir de então, começou a gerir carteiras de investimento e formou a Wesco Financial; hoje, com mais de 80% de seu capital detido pela Berkshire.
Talento único
Buffett leva a fama praticamente sozinho, mas não por opção própria. Após 45 anos de parceria com Munger, deixou claro por diversas vezes a influência de seu alter ego na formação de seu processo decisório. O oráculo de Omaha costuma dizer que Munger tem um talento intelectual único e ao longo do tempo acabou impondo algumas práticas (antes questionadas por Buffett) ao perfil de atuação da Berkshire Hathaway – em 1979, Munger assumiu o posto de vice-chairman da holding.
Uma das principais teorias de Charlie Munger vai contra os pressupostos básicos da diversificação como fonte de diluir riscos. Desde os primeiros passos da Wesco, sempre defendeu que o segredo estava em poucas decisões, decisões certas. A ideia posteriormente ganhou fama nas palavras do chairman da Berkshire: “coloque todos os ovos em uma mesma cesta e a vigie bem”.
Atrás de qualidade
Munger também é apontado como responsável por eliminar um vício anterior imposto por Buffett à Berkshire, da prática de arbitragens de curto prazo que seu mentor, Benjamin Graham, costumava realizar na Graham-Newman Corporation. Ao invés desta estratégia, Munger é reconhecidamente um dos responsáveis por desenvolver na Berkshire a cultura de buscar por companhias de elevada qualidade, que estão com um valor considerado justo.
“Por muitas décadas, nossa prática usual era de, quando alguma coisa que gostamos fosse para baixo, comprávamos mais e mais. Às vezes, algumas coisas acontecem e você percebe que estava errado e sai. Mas quando você desenvolve uma confiança em seu julgamento, você compra ainda mais e tira vantagem das oscilações de preço”, afirmou em entrevista em 2002.
Modelos Mentais Múltiplos
Os estudos de investimento de Munger destacam sua teoria dos Múltiplos Modelos Mentais. Em sua visão, os investidores precisam de checklists diferentes e modelos mentais diversos para avaliar cada tipo de companhia. Nesta vertente entra seu “Efeito Lollapalooza”, que considera quando diversos tipos de viés atuam ao mesmo tempo sobre uma escolha.
Sobre o que os investidores precisam para serem bem-sucedidos, Munger defende que elevada capacitação ou QI avantajado não representam necessariamente um pressuposto para retornos acima da média. “Muita gente com QI elevado é terrível como investidor, porque possui um temperamento terrível”. Para ele, investir é como jogar golfe, demanda paciência, disciplina e controle emocional.
Vida após Buffett
Hoje com 79 anos, Warren Buffett segue à frente da Berkshire Hathaway com seu perfil participativo de gestão. Passa boa parte do dia ao telefone, acompanha diversos processos e dá conta de uma agenda movimentada de eventos. Munger é bem mais avesso à mídia, atualmente entra em contato cerca de uma vez por semana com Buffett e prefere uma postura menos participativa nos negócios.
No final do ano passado, a mídia internacional chegou a cogitar o desligamento de Buffett das atividades da Berkshire Hathaway, rumor que faz parte das previsões de Douglas Kass, sócio do fundo Seabreeze, para 2010. Neste caso, o primeiro nome que vem à cabeça é imediatamente o de Munger, hoje com 86 anos.
Em entrevista no final de 2005, Munger respondeu qual será em sua visão o destino da Berkshire pós-parceria Buffett – Munger:
“A vida continua e, em minha opinião, a Berkshire continuará sendo um lugar forte, rico e com uma cultura central que será perspicaz e avessa ao risco. Mas, se acredito que teremos uma pessoa melhor que Warren para substituí-lo? Acho que a chances vão contra.”
Quem já teve a oportunidade de ler A Bola de Neve, sabe do que eu estou falando. Charlie Munger é citado muitas vezes no livro, além de ficar claro na história os momentos nos quais ele mais influenciou a jornada de Buffet.
Não deixem de ler o resto do post.
Por: Roberto Altenhofen Pires Pereira
SÃO PAULO – Dois raios no mesmo lugar. Warren Buffett saiu de Omaha para se tornar uma das principais referências no mundo dos investimentos. Por todos os lados, milhões de apaixonados pelo mercado de ações assumem os passos do velhinho para compor seus respectivos perfis como investidor.
Mas de todos, quem mais se aproxima do próprio Buffett também faz parte dos pouco mais de 390 mil habitantes do município mais populoso do estado norte-americano de Nebraska. Apesar de ambientadas na mesma Omaha, história por história, a de Charlie Munger revela diversos fatos que apontam contra os rumos escolhidos por Buffett. Todos eles, porém, o levam para o mesmo lugar: ao lado do famoso mega-investidor.
Buffett & Son
O primeiro emprego do bilionário chairman da Berkshire Hathaway foi na mercearia de seu avô, a Buffett & Son. Munger também trabalhou na loja, mas em época diferente. Os dois se encontraram pela primeira vez em 1959, apresentados por um amigo em comum. Na ocasião, Munger já advogava, após se formar em Direito pela Universidade de Harvard, e chegou a montar o escritório Munger, Tolles, & Olson. Mas seu destino era outro.
Após o contato inicial, a afinidade com Buffett ficou evidente. As prolongadas conversas entre os amigos inegavelmente ajudaram Munger a optar pelo caminho dos investimentos. A partir de então, começou a gerir carteiras de investimento e formou a Wesco Financial; hoje, com mais de 80% de seu capital detido pela Berkshire.
Talento único
Buffett leva a fama praticamente sozinho, mas não por opção própria. Após 45 anos de parceria com Munger, deixou claro por diversas vezes a influência de seu alter ego na formação de seu processo decisório. O oráculo de Omaha costuma dizer que Munger tem um talento intelectual único e ao longo do tempo acabou impondo algumas práticas (antes questionadas por Buffett) ao perfil de atuação da Berkshire Hathaway – em 1979, Munger assumiu o posto de vice-chairman da holding.
Uma das principais teorias de Charlie Munger vai contra os pressupostos básicos da diversificação como fonte de diluir riscos. Desde os primeiros passos da Wesco, sempre defendeu que o segredo estava em poucas decisões, decisões certas. A ideia posteriormente ganhou fama nas palavras do chairman da Berkshire: “coloque todos os ovos em uma mesma cesta e a vigie bem”.
Atrás de qualidade
Munger também é apontado como responsável por eliminar um vício anterior imposto por Buffett à Berkshire, da prática de arbitragens de curto prazo que seu mentor, Benjamin Graham, costumava realizar na Graham-Newman Corporation. Ao invés desta estratégia, Munger é reconhecidamente um dos responsáveis por desenvolver na Berkshire a cultura de buscar por companhias de elevada qualidade, que estão com um valor considerado justo.
“Por muitas décadas, nossa prática usual era de, quando alguma coisa que gostamos fosse para baixo, comprávamos mais e mais. Às vezes, algumas coisas acontecem e você percebe que estava errado e sai. Mas quando você desenvolve uma confiança em seu julgamento, você compra ainda mais e tira vantagem das oscilações de preço”, afirmou em entrevista em 2002.
Modelos Mentais Múltiplos
Os estudos de investimento de Munger destacam sua teoria dos Múltiplos Modelos Mentais. Em sua visão, os investidores precisam de checklists diferentes e modelos mentais diversos para avaliar cada tipo de companhia. Nesta vertente entra seu “Efeito Lollapalooza”, que considera quando diversos tipos de viés atuam ao mesmo tempo sobre uma escolha.
Sobre o que os investidores precisam para serem bem-sucedidos, Munger defende que elevada capacitação ou QI avantajado não representam necessariamente um pressuposto para retornos acima da média. “Muita gente com QI elevado é terrível como investidor, porque possui um temperamento terrível”. Para ele, investir é como jogar golfe, demanda paciência, disciplina e controle emocional.
Vida após Buffett
Hoje com 79 anos, Warren Buffett segue à frente da Berkshire Hathaway com seu perfil participativo de gestão. Passa boa parte do dia ao telefone, acompanha diversos processos e dá conta de uma agenda movimentada de eventos. Munger é bem mais avesso à mídia, atualmente entra em contato cerca de uma vez por semana com Buffett e prefere uma postura menos participativa nos negócios.
No final do ano passado, a mídia internacional chegou a cogitar o desligamento de Buffett das atividades da Berkshire Hathaway, rumor que faz parte das previsões de Douglas Kass, sócio do fundo Seabreeze, para 2010. Neste caso, o primeiro nome que vem à cabeça é imediatamente o de Munger, hoje com 86 anos.
Em entrevista no final de 2005, Munger respondeu qual será em sua visão o destino da Berkshire pós-parceria Buffett – Munger:
“A vida continua e, em minha opinião, a Berkshire continuará sendo um lugar forte, rico e com uma cultura central que será perspicaz e avessa ao risco. Mas, se acredito que teremos uma pessoa melhor que Warren para substituí-lo? Acho que a chances vão contra.”
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