terça-feira, 5 de maio de 2009

As principais crises desde a criação da Bovespa




O InvestMais fez um levantamento das principais crises desde a criação da Bovespa. Vale a pena conferir.

"A crise que se alastrou pelo mundo causou, e ainda causa muitas incertezas na cabeça dos investidores. No entanto, crises não são nenhuma novidade. Ao longo de seus 41 anos de vida, o Ibovespa enfrentou diversos períodos turbulentos, mas subiu mais de 3.500% desde 1968. Nas próximas páginas você irá saber mais sobre os momentos que mais afetaram o Índice."


1º Choque do Petróleo - 1973


O choque se originou após a Guerra do Yom Kippur, entre Israel e os países árabes. Como os EUA haviam apoiado os israelenses na guerra, os árabes, que faziam parte do cartel da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), decidiram interromper o fornecimento para os EUA, Europa e Japão. Com a redução da oferta, o preço do barril passou de 3 para 12 dólares em três meses. O período, que foi conhecido como o Primeiro Choque do Petróleo, causou uma forte recessão na economia mundial. Na época o Brasil importava a maior parte do que consumia e sofreu sérias conseqüências. “O primeiro choque nos apanhou completamente desprevenidos. O consumo aparente de petróleo em 1973 era de 870 mil barris/dia e a nossa produção própria não passava de 170 mil barris/dia. Todo o resto era importado e essas importações representavam aproximadamente 850 milhões dólares. Com a correção do preço, as despesas brasileiras com petróleo pularam de 850 milhões para 2,4 bilhões de dólares, em 1974. Isso causou uma evolução catastrófica na dívida externa e provocou o processo de estouro da inflação que perdurou até o 2º choque, em 1979″, relembra o professor doutor Tharcisio Bierrenbach de Souza Santos, responsável pelos cursos de Globalização e Competitividade, Cenários Econômicos e Organização do Futuro, da FAAP.

No período do Milagre Econômico – 1968/1973 – o PIB brasileiro cresceu a médias anuais superiores a 10% e a bolsa despertava um forte interesse nos investidores brasileiros, mas o Choque contribuiu para que nossas bolsas (na época existiam 27 em todo o país) passassem por um longo período de estagnação. “Ficou todo mundo assustado. Houve uma grande fuga de capitais da bolsa e o mercado praticamente inexistiu até o surgimento do Plano Real. Durante todo esse período, o crescimento foi muito aquém do que poderia ter sido. Nosso grande problema foi que o Governo reagiu devagar demais à crise. Como optou por uma manutenção da estratégia de crescimento às custas do endividamento externo, acumulou uma divida muito alta que iria pesar muito nos anos 80. E ainda, não fez todos os investimentos adequados pra enfrentar a situação”, lamenta professor Tharcísio.


2º Choque do Petróleo - 1979

Também motivado por questões políticas, só que desta vez envolvendo apenas o Irã, O 2° Choque ocorreu em meio a Revolução Iraniana, liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, que depôs o xá Mohammad Reza Pahlavi. A revolução acabou com a monarquia e o país passou a ser uma república islâmica. O período turbulento foi marcado por protestos e deixou o setor petrolífero do Irã devastado. O Irã era um dos maiores produtores do mundo, mas quando Khomeini assumiu a produção estava baixa devido aos conflitos, e aí se fez valer a Lei da Oferta e da Procura. Consequência: o preço do barril triplicou, passando de 12 para 36 dólares. “A situação no Brasil, que já não era das melhores ficou péssima. Em 1979, o país estava muito mais pobre e mais endividado do que em 1974. O Choque contribuiu para aumentar o tamanho da divida externa e nos transformar em um pais extremamente vulnerável”, explica professor Tharcísio.

Nos anos seguintes ao Choque, a situação só piorou. A dívida externa, que era de 70 bilhões de dólares em 1982, atingiu a cifra de 91 bilhões de dólares, em 1984. Paralelo a isso, nossa dívida interna também atingia valores astronômicos, passando de 6,7% do PIB em 1980, para 22,4% em 1984. Junto com as dívidas, a taxa de juros também era alta e atrativa aos investimentos em poupança, fato que fez a bolsa ser ofuscada pelos rendimentos atraentes que a renda fixa proporcionava.


Moratória mexicana - 1982


O México havia passado por um período de forte crescimento econômico nos anos 70, mas ainda possuía uma economia vulnerável e dependente dos EUA, que sofriam com as conseqüências das crises do petróleo Os norte-americanos passavam por um período de altas taxas de inflação e, para combatê-las, tiveram que aumentar sua taxa de juros. Quando isso ocorreu, o México sentiu o efeito do crescimento da década anterior. Sua dívida externa atingiu níveis exorbitantes e o país declarou moratória. A chamada “Crise da Dívida” logo se alastrou para outros países da América Latina. “Se hoje as pessoas confundem o Brasil com outros emergentes, imagine como era na década de 1980?! O credito bancário brasileiro acabou. Houve uma revoada de capitais estrangeiros para fora do país, a economia ficou paralisada e a bolsa andava péssima. Com capital saindo, o brasileiro não acreditando no Brasil e as perspectivas ruins, a bolsa andou totalmente de lado por todo esse período pós Milagre, pós Choques e pós Dívida, com muito pouco volume e interesse”, relembra professor Tharcísio.


Segunda-feira negra - 1987


O dia 19 de outubro de 1987 ficou eternizado pelo colapso que afetou as bolsas de todo o mundo. O crash começou em Hong Kong, passou pela Europa e chegou a Nova Iorque. O índice Dow Jones registrou sua maior queda percentual da história em um único dia, com uma baixa de 22,6%. A principal causa desse crash está ligada ao “program trading”, que é o uso de computadores para executar estratégias de trading. Os investidores usavam programas de computador que vendiam e compravam ações em um momento padrão. Isso, aliado ao comportamento irracional dos investidores, levou o mercado a essa grande anormalidade.

No Brasil o ano já havia começado conturbado, pois em janeiro, o então presidente José Sarney decretou moratória em função da impossibilidade de controlar a inflação e conter gastos. Em junho, o Plano Bresser congelou os preços, aluguéis e salários por 90 dias. O mercado de capitais brasileiro continuava irrisório, a inflação violenta e a moratória só acabaria no ano seguinte.


Plano Collor - 1990


Depois de Dow Jones em 1987, em 1990 foi a vez da Bovespa registrar sua pior baixa da história. Sob o efeito da divulgação do Plano Collor, o pregão fechou com uma queda de 22,26% no dia 21 de março. “O que sobrou da bolsa acabou ali, pois o governo seqüestrou os ativos financeiros de todo mundo. Ficamos quatro meses parados e tivemos o pior resultado econômico desde a época de Pedr Álvares Cabral. Uma recessão com “R” maiúsculo. Mais tarde o governo abriu as comportas e devolveu tudo. Resultado: a inflação voltou com tudo. A medida de fazer o seqüestro dos ativos era muito radical, mas poderia ter dado certo se houvesse um plano por trás disso. Como Collor não tinha maioria parlamentar, pegou um pacote de medidas que achava que deveriam ser feitas e jogou na mão do congresso, mas não discutiu nada e o congresso engavetou. Foi falta de acordo político para fazer a reforma” recorda Tharcísio. No ano seguinte, porém, a Bovespa teve alta de 110%.


Crise do México - 1994/1995


Uma forte desvalorização atingiu o peso mexicano, que chegou a cair 60% em 15 dias. O país sofreu com a fuga de capitais e de investidores. A crise, que ficou conhecida como “Efeito Tequila”, atingiu vários países da América do Sul, dentre eles, o Brasil. “Foi muito ruim para a bolsa. Havia uma certa euforia por causa do Real, o país achava que havia se livrado da inflação e que o crescimento voltaria rapidamente, mas a crise mexicana criou um problema enorme para nós, pois estávamos com o câmbio apreciado. Durante esse período os investidores sentiam que o Brasil poderia pedir moratória novamente. Em 1995, perdemos um bilhão de dólares por dia da reserva que era de 20 bilhões, durante 4 ou 5 dias. Em função disso o Banco Central elevou a taxa de juros porque os bancos estavam operando no mercado futuro de câmbios financiados em reais. Isso foi péssimo porque deu ao BC a idéia de que o jeito de escapar da crise era aumentar os juros e manter o câmbio o mais fixo possível. Foi assim que tivemos um câmbio muito apreciado e perdemos competitividade externa”, comenta Tharcísio.


Crise asiática – 1997

A crise começou em 02 de julho de 1997, quando o baht, moeda tailandesa passou a flutuar e teve desvalorização imediata de 15%. Em menos de dois meses o mesmo aconteceu com a Malásia, Indonésia e Filipinas. Em agosto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou pacotes emergenciais de empréstimos à Tailândia, Indonésia e Coréia, fato que agravou a crise ainda mais. “A Coréia do Sul foi o último estágio da crise, em 1997, quando sua moeda se desvalorizou 25% no mês de novembro. Isso abriu uma onda de desvalorização em massa. De junho a dezembro, a rúpia da Indonésia depreciou-se em mais de 140% em relação ao dólar. O baht tailandês e o won coreano tiveram quedas de acima de 80%, enquanto o ringgit da Malásia e o peso filipino desvalorizaram-se em torno de 50%” conta o professor da Universidade de São Paulo (USP), Otaviano Canuto, no artigo “A crise asiática e seus desdobramentos”. Em 1997 foi a primeira vez que o circuit breaker da Bovespa foi acionado e as quedas chegaram a 44% no segundo semestre. A crise asiática contribuiu para a crise russa no ano seguinte e para a brasileira, em 1999.

Crise russa - 1998

A Rússia sofreu muito com a crise asiática, principalmente com a desvalorização do preço das commodities, já que os principais produtos de exportação do país eram o petróleo e o gás. Paralelo a isso, a moeda russa, o rublo, desvalorizou-se mais de 50% em função da estratégia adotada pelo governo de deixar o câmbio flutuar. E para piorar a situação, o governo declarou moratória de 90 dias ao pagamento da dívida externa. Por aqui, o Ibovespa se desvalorizou 63%.

Crise do Brasil – 1999

A crise russa afetou diretamente os países emergentes, pois uma crise de confiança foi gerada sobre esses países, pois achava-se que o que havia acontecido com a Rússia poderia acontecer com eles. No Brasil, isso resultou em uma fuga maciça de capitais e como conseqüência, o governo não pode sustentar o regime cambial vigente e passou a deixar o real, que estava sobrevalorizado, flutuar. A ação resultou em uma queda expressiva da moeda brasileira. A cotação passou de US$1,21 em janeiro para US$1,90, em março e o mercado operou em baixa por oito meses consecutivos, chegando a perder 38%.

No entanto, a longo prazo essa estratégia foi determinante para o crescimento da economia brasileira. “Perdemos uma montanha de dólares num momento em que a crise começou a se tornar mais aguda, mas aí o Armínio Fraga assumiu o BC, adotou o câmbio flutuante e isso salvou o país. O dólar subiu muito, mas pelo menos não perdemos reservas porque o mercado ajustava o valor da moeda”, explica Tharcísio.

Bolha da internet – 2000

Também conhecida como a bolha das empresas “pontocom”, essa crise ocorreu durante o boom da internet entre os anos de 1995 a 2001. Com o crescimento da rede, as empresas listadas na Nasdaq passaram por uma supervalorização, fato que contribuiu para o surgimento de milhares de outras empresas ligadas à internet, interessadas em abocanhar uma fatia do crescimento surreal que o mercado virtual vivia. No dia 10 de março de 2000, a Nasdaq chegou ao pico de 5048 pontos, o que correspondia a um crescimento de mais de 100% no período de um ano. Com toda essa especulação, o desfecho dessa história não poderia ser diferente. A bolha estourou! Milhares de empresas foram destroçadas e muitos investidores perderam verdadeiras fortunas.

A crise tirou 5 trilhões de dólares do valor de mercado das empresas de tecnologia entre março de 2000 e outubro de 2002. Até hoje a Nasdaq não se recuperou do tombo, pois opera em torno dos 1500 pontos.

World Trade Center – 2001

Os ataques terroristas às torres gêmeas causaram conseqüências graves a Wall Street. Após o atentado de 11 de setembro, a Bolsa de Nova Yorque ficou quatro dias sem operar, registrando perdas de 590 bilhões de dólares na sua reabertura. O índice Dow Jones teve seu pior desempenho em pontos na história, caindo 14,3% em uma semana. No Brasil, o Ibovespa chegou a cair 7,26% no dia 13 de setembro. O ano foi marcado também pela crise na Argentina, o apagão energético no Brasil e o escândalo financeiro da Enron, nos EUA. A combinação desses fatores fez a Bovespa cair 60% em oito meses, mas recuperou-se rapidamente. Em três meses já havia superado as perdas.

Lula – 2002

As eleições presidenciais anunciavam uma tragédia, ao menos para os investidores estrangeiros. A eleição de Lula causou um temor mundial sobre a possibilidade de o governo mudar os rumos da economia e adotar os ideais petistas. O medo levou o Risco Brasil ao patamar recorde de 1.227 pontos, o dólar atingiu a cotação histórica de 4 reais e o Ibovespa sofreu uma baixa de 65% entre janeiro e outubro de 2002.

O mercado só se acalmou quando percebeu que o novo governo daria continuidade às políticas econômicas da gestão FHC. “Devagar os investidores começaram a voltar e o Lula viajou em céu de brigadeiro de 2003 a 2007. É nesse momento que a bolsa ganha todo esse peso que tem hoje”, confirma Tharcísio.

A situação atual

A crise que se alastrou pelo mundo ainda demonstra estar longe de seu fim. Muito se discute sobre quais serão as conseqüências do atual momento. Alguns falam que o pior já passou e outros falam que o pior está por vir. Só o tempo irá dizer quem tem razão, mas o que é preciso entender, e você viu isso nas últimas páginas, é que crises são cíclicas. Já passamos por várias e muitas ainda viram, pois elas fazem parte do mercado e se repetem de tempos em tempos. O importante é estar preparado para enfrentá-las.

“O mundo é mais dinâmico e imprevisível do que gostaríamos que fosse. Se o nosso objetivo se limitasse a diminuir os riscos e trabalhar com possibilidades e não com certezas talvez obtivéssemos melhores resultados. Mas, no ambiente de mercado as pessoas gostam de criar certezas onde é impossível criá-las. Quando se acredita que a economia irá crescer para sempre é que grandes problemas são criados. Foi isso que gerou a crise do subprime. O pior risco é aquele que não se conhece”, orienta Leandro Ruschel, que é um dos fundadores da leandro & stormer, a maior comunidade de traders do Brasil.

O que podemos esperar da atual crise?

Para Leandro, “cedo ou tarde o mercado retomará o seu movimento ascendente. Podemos esperar mudanças políticas e sociais importantes nos próximos meses e anos, mas no final das contas as coisas voltarão ao normal, pois as pessoas continuarão a viver, consumir e gerar recursos. Ganharão aqueles que aceitarem a situação e procurarem as oportunidades geradas. Como sempre, perderão aqueles que ficarem apenas se queixando”, aponta Tharcísio, que complementa com uma visão otimista. “O mercado está muito complicado, mas o governo adotou as medidas certas. A grande questão é saber quando o dinheiro vai chegar aos setores mais afetados pela crise. Por mais que seja difícil afirmar, esse ano teremos um crescimento de, no máximo, 3,2%, Mas será maior que o crescimento mundial, que não deverá passar de 1,8%. E será muito maior do que o crescimento dos países desenvolvidos que será perto de zero. O Brasil está numa posição muito confortável e essa é uma grande oportunidade para nos tornarmos grandes. Não que seja fácil, mas pelo menos estamos no caminho”.

1 comentários:

Johnny disse...

Pode ser que eu esteja errado mas sempre tem um jeito de você ganhar no mercado de ações .
prova disso é um simulado que jogo o folhainvest não sou o melhor mas no mensal estou em 335°
Tem ações que cairam muito e estão mostrando sinais de melhoras isso mostra que em longo prazo se possa ganhar muito(em curto prazo também)mas uma estrategia que é boa nesse momento é a 'day trade'(compra e venda)
Obs.não sou um especialista só mexo num simulado só quero deixar minha opinião e sempre consulte um especialista em caso de problemas ...vlw