quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O "palhaço", Sidney Santos, que de palhaço não tem nada (Dono da empresa Grupo Sid).

"O paulista Sidney Santos foi palhaço dos 3 aos 17 anos. Largou o circo para construir uma empresa que vai faturar mais de 50 milhões de reais neste ano."

Fonte: Exame PME

Por Carla Aranha


As luzes se acenderam, a cortina se abriu e Sidney Santos se viu no picadeiro. Ele tinha apenas 3 anos. Metido numa roupa de palhaço e com o rosto pintado, a platéia esperando que ele fizesse alguma coisa, Santos tinha duas opções - sair correndo chorando ou encarar a multidão. "Dizem no circo que se a criança foge uma vez nunca será um bom palhaço", afirma ele. "Como não me contaram que era possível fugir, fiquei." Santos gosta de contar esse episódio a quem lhe pergunta o que a vida de empreendedor, à frente do Grupo Sid - que deve faturar 53 milhões de reais em 2008 com a venda de produtos e máquinas para impressão -, tem em comum com o circo, onde trabalhou até a adolescência. "Depois que a gente começa uma empresa também não dá para desistir", diz ele. "Se algo não dá certo, é preciso tentar de novo."

Filho caçula de uma família paulista, dona de um circo mambembe que faliu nos anos 80, Santos teve uma infância dura. "Eu vivia mudando de escola por causa das viagens", diz. "Cada vez que chegava a uma nova cidade, eu apanhava dos meninos até fazer amizade, mas aí já era hora de mudar de novo." Sua trajetória de empreendedor também é cheia de obstáculos, que incluem uma empresa que não ia adiante e dificuldade em arrumar dinheiro para investir.

A determinação de Santos chamou a atenção dos jurados do Prêmio Endeavor & EXAME PME de Empreendedorismo, que o escolheram para o prêmio na categoria Histórico de Realizações. "Pouquíssimas vezes vi pessoas com tanta coragem, visão e poder de comunicação, que são características fundamentais num empreendedor", diz Walter Longo, diretor de planejamento da agência Young & Rubicam e um dos jurados. "Acho que o Sidney teria sucesso em qualquer empresa que resolvesse montar."

Formalmente, a trajetória empreendedora de Santos começou em 1989 quando, aos 17 anos, criou uma serigrafia de adesivos para motos. Mas desde os 8 ele já ganhava o próprio dinheiro, montando fusíveis sob encomenda de um conhecido, que revendia o material. "O Sidney nasceu empreendedor", diz sua irmã Alexandra, que trabalha numa empresa de equipamentos para motos no interior de São Paulo. "Ele sempre fez tudo sozinho." Por isso, quando Santos comunicou à família que iria montar uma serigrafia, ninguém se surpreendeu. "Ele sempre dizia que queria ser empresário", diz Rosa Helena, sua mãe.

Santos trabalhava num porão perto de casa, na zona norte de São Paulo. Fabricar adesivos para motos, porém, tinha muitas limitações - a principal era o pequeno número de clientes, que não trazia perspectiva de crescimento para o negócio. Em 1993, Santos fechou a empresa e abriu outra serigrafia, de adesivos promocionais. Como não conseguia financiamento, vendeu o que tinha - um carro e uma moto - para investir no novo negócio.

Três anos mais tarde, os adesivos promocionais também pareciam ter dado o que podiam. "Eu queria ir muito mais longe", diz Santos. Assim, em 1996, o grupo passou a atuar como uma distribuidora de máquinas e produtos para impressão. Alguns anos depois, ele resolveu importar máquinas chinesas - e embarcou para a China, falando um inglês precário, à procura de um fabricante. Nos primeiros dias em Pequim, ele e o sócio se perderam um do outro ao descer do metrô. Só se reencontraram, 8 horas depois, porque o sócio esbarrou numa boa alma que o levou até o hotel onde estavam hospedados. "Foi uma aventura", diz Célia Branco, diretora comercial do grupo Sid. A inclusão de equipamentos chineses aumentou a competitividade e permitiu ao grupo exportar para 15 países, incluindo os Estados Unidos. Em apenas dois anos, a filial de Miami, por enquanto a única no mercado americano, se tornou responsável por 12% do faturamento.

Até hoje, Santos se inspira nos tempos de circo para conduzir os negócios. Quando aparece uma dificuldade, ele se lembra de quando tinha de lidar com gente espírito-de-porco na arquibancada, como acontecia quando algum bêbado queria atrapalhar seus números. "Esse bêbado vive reaparecendo, disfarçado", diz Santos. "Pode ser um cliente chato ou gente que joga contra. Mas eu nem ligo."

1 comentários:

Fernanda Magalhães disse...

"Esse bêbado vive reaparecendo, disfarçado", diz Santos. "Pode ser um cliente chato ou gente que joga contra. Mas eu nem ligo."

Putzz! Saca a sabedoria do cara na comparação...Eu sinto e convivo com esse tipo as minhas 8 horas de trabalho todo dia.

Mais uma bela postagem.

Vic, obrigada pelo carinho la no meu blog.

Bjos no coração!