segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Rochlitz e Turini (Donos da empresa Crivo) - Produto certo na hora certa

Encontrei várias histórias de sucesso na EXAME PME e estarei compartilhando todas elas ao longo do mês com vocês. Espero que gostem.

Fonte: Portal Exame

"Que mais é preciso para que Marcos Rochlitz e Daniel Turini façam a Crivo crescer? Os dois criaram uma tecnologia para análise de crédito que tem tudo a ver com o momento."

Por Raquel Grisotto

"A origem da roda é controversa entre os historiadores, embora se atribua aos sumérios o vestígio mais antigo de seu uso num veículo em 3 500 a.C. Não importa. Imagine que o inventor saísse de porta em porta para vender sua criação. Mas, ao abordar alguém, em vez de explicar a serventia revolucionária da novidade, ele abrisse um laptop e iniciasse uma longa apresentação, mostrando slide por slide como a idéia surgiu e explicando cálculos de coeficientes de atrito. Alguém compraria?

Pois era mais ou menos assim que Marcio Rochlitz e Daniel Turini faziam no começo da Crivo para convencer um executivo ocupado a adquirir um software de análise de crédito que só eles tinham. "Levávamos 1 hora para explicar a tecnologia, em vez de ir direto aos benefícios", diz Rochlitz. Demorou quatro anos para aprender a falar a linguagem dos clientes e dizer logo como a ferramenta aumentaria a rapidez na concessão de crédito e diminuiria os riscos. "Quando fizemos isso, finalmente a Crivo cresceu", diz Turini. Neste ano, o faturamento deve chegar a 15 milhões de reais, o dobro de 2007. Já são mais de 100 clientes, como os bancos Panamericano e BMG, as seguradoras SulAmerica e Porto Seguro, o Wal-Mart e a operadora Claro.

Os jurados do Prêmio Endeavor & EXAME PME de Empreendedorismo acham que a Crivo pode crescer muito mais - sobretudo agora, com o aumento da necessidade de ponderar os riscos de um crédito. Por isso, Rochlitz e Turini foram contemplados com o prêmio de Potencial de Crescimento. "A ferramenta da Crivo ajuda a analisar os riscos do crédito com inteligência, sem o engessamento típico dessas operações", afirma Stefano Bridelli, presidente da consultoria Bain&Company, um dos jurados que escrutinaram os empreendedores da Crivo.

Diferentemente de instituições como Serasa e Equifax, a Crivo não tem um banco com informações sobre inadimplência e situação financeira de consumidores e empresas. A ferramenta é uma espécie de Google do crédito, que consulta até 150 bancos de dados. O número de fontes depende da necessidade e dos serviços a que o usuário tem acesso. A tecnologia da Crivo não é a única que permite a consulta simultânea a várias fontes, mas se destaca porque faz uma varredura muito ampla em instituições de natureza variada, como Receita Federal, Banco Central, INSS e Polícia Federal. As informações colhidas passam por critérios fornecidos pelo cliente - um consumidor pode não ser atrativo para um cartão de crédito, por exemplo, mas pode interessar a uma operadora de celular.

Ex-alunos do Instituto de Matemática e Estatística da USP, onde se conheceram, Rochlitz e Turini eram vistos como nerds mesmo entre seus semelhantes. Enquanto os outros iam para a balada, eles ficavam em casa desenvolvendo programações. Durante um estágio na Vicunha Têxtil, no início dos anos 90, a dupla chamou a atenção de Marcel Yoshimi Imaizumi, o único chefe que tiveram na vida. "Nas horas vagas eles liam manuais e artigos sobre computação", diz Imaizumi. "Acho que sonhavam com aquilo."

Em 1992, os dois começaram uma empresa de software. Funcionava na edícula da casa do pai de Rochlitz, em São Paulo. Quando a idéia da ferramenta de crédito surgiu, em 2000, eles abandonaram a atividade inicial e fundaram a Crivo. "Como éramos péssimos vendedores, ficamos quatro anos sem ganhar dinheiro", diz Rochlitz. "Minha mulher bancou a casa por anos."

Até onde a Crivo pode ir sozinha num setor dominado por grupos fortes, como a americana Equifax e a irlandesa Experian, que controla a Serasa? "Os donos da Crivo precisam manter a expansão em ritmo acelerado e tornar os clientes fiéis para não ser um alvo fácil de aquisição", diz Mário Bethlen, conselheiro do fundo americano General Atlantic Partners, que também participou do júri. "Eles são anões em terra de gigantes.""

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