quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Entrevista com Márcio Mello, dono da HRT


No post anterior deixei um texto que conta um pouco da história de Márcio Mello, dono da HRT, empresa de petróleo que fará uma oferta pública de ações em breve

Hoje deixo uma entrevista que saiu na revista Brasil Energia com o próprio.

Não há dúvidas de que a empresa pode se tornar imensa, caso os planos se concretizem. E eu fico muito feliz, pois haverá oferta de emprego pra muita gente.

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Márcio Mello: “Você descobre petróleo é na cabeça das pessoas”

Não há crise financeira, risco exploratório ou concorrência que faça o presidente da HRT Oil & Gas, Márcio Mello, colocar o pé no freio. Às vésperas de realizar a abertura de capital da petroleira, instituída no fim de 2009 com um capital de US$ 270 milhões e que tem entre seus sócios ninguém menos que Michael Dell, o executivo não teme a crise financeira europeia e não cogita a possibilidade de insucesso do processo. Com uma carteira de projetos exploratórios espalhados por Solimões, Espírito Santo e, mais recentemente, a Namíbia, Mello afirma ter uma petroleira de grande porte e diz, sem a menor modéstia, que a HRT é a melhor história do Brasil depois da OGX. “Tudo em que botei meu dedo virou ouro, me chamam até de golden boy”.

O IPO da HRT Oil & Gas será realizado em julho, independentemente da desgraça financeira da Europa?

Que desgraça? Quando se tem algo bom para vender, não existe desgraça. Toda essa desgraça da Europa é porque todo mundo tirou o dinheiro e está com dinheiro no banco para investir. Se você chegar com uma história boa – e digo que a HRT é a melhor história do Brasil depois da OGX –, não há problema. A HRT tem hoje as duas maiores fronteiras exploratórias do Hemisfério Sul: o Solimões e a Namíbia.

Quanto vale a companhia?

Hoje nosso valor de mercado é de US$ 450 milhões, mas logo, logo a HRT vai ser uma companhia de seus US$ 10 bilhões, sem a menor dúvida.

Qual é, afinal, o porte da HRT Oil & Gas?

Somos grandes, nunca vou ser uma empresa média. Olhe nossos escritórios! Não somos uma companhia que pensa pequeno, somos grandes e seremos muito grandes. Veja as companhias brasileiras com maior área de exploração. Primeiro, a Petrobras, segundo, a Oil M&S/Petra (N.R.: da qual a HRT adquiriu áreas em Solimões), terceiro, a HRT, e quarto, a OGX. Já me considero uma companhia grande, porque temos 2,1 bilhões de barris no prospective resource. Uma companhia pequena tem 1 milhão de barris, e uma média, 200 milhões de barris. Tentamos comprar a Devon, e costumo brincar que um dia vou comprar a Petrobras.

O que o levou a montar uma petroleira?

Era o meu sonho desde que saí da Petrobras. Demos suporte a todas as companhias que estavam no Brasil, até o momento em que achamos que estavam se abrindo espaços extremamente interessantes para que transformássemos nosso capital intelectual. Surgiu uma maneira muito particular para isso: a Amazônia. A Amazônia sempre foi meu sonho, trabalhei lá há 33 anos e sempre soube que a região é a província com a maior reserva de óleo leve e gás do Hemisfério Sul. Temos 21 blocos na Bacia do Solimões, em uma área do tamanho da Espanha.

E os riscos?

Urucu produziu 200 milhões de barris de óleo leve, fato que poucos sabem. Multiplicado por US$ 100, resulta em quase US$ 20 bilhões. Qual é a terceira bacia que mais produz óleo leve no Brasil? Solimões. Qual é o maior produtor de gás hoje? Solimões. Qual é a segunda maior reserva de gás no país? Solimões! Essa bacia tem um terço de todo o gás já descoberto no Brasil. Quantos poços já foram perfurados lá? São 226, sendo apenas 25 fora dos campos já descobertos. Potiguar tem 4 mil poços perfurados. Acabamos de certificar mais de 1 bilhão de barris na região. Somente a HRT, com sua tecnologia e seu capital humano, teve capacidade de desvendar o que é Solimões.

Qual é a expectativa de captação, e como será o IPO?

A meta é captar algo perto de US$ 1,6 bilhão, montante que iremos investir nos próximos quatro a cinco anos (US$ 1,1 bilhão para o Brasil e US$ 500 milhões no exterior). Ainda estamos discutindo com bancos. Não vamos vender a companhia toda, e estamos conversando para saber onde vamos chegar.

E se a capitalização não der certo?

Não conto com essa possibilidade. Também não conto com “ah, se esse poço for seco ...”. A gente não erra. Nossa história é muito boa. As pessoas que investiram na HRT colocaram US$ 270 milhões num potencial de 200 milhões (de BOE) certificados. Quatro meses depois, certificamos 2 bilhões (de BOE). Há alguma companhia assim no planeta? Se você conhece, quero comprá-la! Depois de começar a perfurar, depois de um ano, vamos ganhar 100 vezes mais.

O IPO está previsto para a mesma época da capitalização da Petrobras. Não é arriscado?

Eu não estou preocupado com ninguém, e sim com o meu negócio. Tenho na minha mão as duas maiores fronteiras de exploração de petróleo de todo o Hemisfério Sul, com potencial de centenas de bilhões de barris, e vou ficar preocupado com o que o outro está fazendo? Quero é focar o meu business! Nossa taxa de PhDs e mestres é superior a 30%. Nem a Petrobras tem isso. Temos um centro de pesquisa que coloca qualquer outro no bolso. A vantagem da HRT é o capital intelectual. Você descobre petróleo é na cabeça das pessoas.

Como será o trabalho no Solimões e nas outras áreas?

Nosso compromisso inicial é de 21 poços no Solimões. Mas o plano de trabalho é perfurar, no mínimo, mais de 100 poços nos próximos quatro anos. Já temos duas sondas contratadas e estamos negociando duas na China e outras duas com a Queiroz Galvão. Todas as seis unidades serão helitransportáveis. Teremos seis só para começar. Na Amazônia, vai chegar um momento em que precisaremos ter de 15 a 20 sondas.

Por que a Namíbia?

Estudo a Namíbia há dez anos. Compramos cinco blocos e já mapeamos dois, conseguindo certificar 1,2 bilhão de barris de óleo, com base em sísmica, geoquímica, satélites. Essa é a grande vantagem da HRT. As outras companhias certificam somente com base em sísmica, enquanto a HRT usa todas as tecnologias que tem. Já reservamos uma sonda para o segundo semestre de 2011. Estamos negociando uma parceria com uma companhia pública, o que deve elevar nosso número de blocos a oito e assegurar uma área de cerca de 30 mil km², o que dá mais ou menos uma Dinamarca na Namíbia.

A julgar pela aposta, há expectativa de produção para logo.

No fim de 2011, estaremos produzindo no Solimões cerca de 20 mil barris/dia. Em 2014, projetamos 100 mil (b/d). A Namibia será uma grande surpresa. Queremos estar produzindo, mais ou menos no final de 2013, de 100 mil a 150 mil barris/dia.

Quantos poços exploratórios serão perfurados em 2010 e qual a previsão de investimentos no ano?

Vamos perfurar mais dois no Espírito Santo e um no Recôncavo, no mínimo. Se tudo der certo, pretendemos perfurar uns três poços antes do fim do ano no Solimões. A perfuração na Namíbia ficará para 2011. Estamos falando em uns US$ 80 milhões até o final do ano.

E em 2011?

Vamos perfurar um poço na Namíbia, gastando mais ou menos uns US$ 50 milhões. No Brasil, pretendemos perfurar uns 24 poços e gastar uns US$ 140 milhões no Solimões.

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