terça-feira, 28 de julho de 2009

Pôquer online como profissão?



Eu, particularmente, sempre gostei de pôquer. Aliás, adoro jogos que exigem do nosso cérebro. Muitos consideram o pôquer como um jogo de sorte, mas o lance é puramente estatístico. Se você joga com uma esperança matemática positivia, sempre será vencedor no longo prazo. Quer um exemplo?

Se você jogasse cara ou coroa e ganhasse 1 real a cada vez que vencesse e eu ganhasse 90 centavos a cada vez que vencesse, você jogaria comigo? A resposta é óbvia, a não ser que você tenha medo de perder algumas vezes. Olhem a conta abaixo:


- 1000 lançamentos / 500 caras (+500 reais) 500 coroas (-450 reais) / 500 – 450 = 50 reais / 50/1000 = +0,05 centavos
- Bom método no Longo Prazo mas pode perder no início
- Gestão de risco OK

Ou seja, para cada vez que você jogar a moeda, você estará ganhando cinco centavos no longo prazo. E é isso que os profissionais do poker fazem, com alguns cálculos a mais, já que o jogo é composto de muitas cartas.

Há dois anos atrás, um conhecido que jogava counter stricke comigo na internet, começou a participar de campeonatos online de poker. Em apenas algums meses ele ficou entre os primeiros do Brasil, ganhando um dinheiro muito bom. Sempre achei o desempenho dele notável, tendo em vista o pouco tempo que jogava. Admirava seu raciocíno rápido e a inteligência para o jogo. Agora vejo que tem várias pessoas que estão fazendo o mesmo, e já tem gente vivendo disso no Brasil.

Confiram a matéria da Info abaixo:

SÃO PAULO – Um computador regular e uma conexão estável. Os instrumentos de trabalho de um profissional de pôquer online são, em essência, as configurações mínimas para rodar os leves softwares do jogo.

Rodolfo Lacerda, de 21 anos, acorda não muito cedo para pegar no batente. Com o mouse em uma das mãos, ele checa os e-mails, lê o noticiário e começa as rodadas do esporte virtual, sem previsão de pausa ou término.
“Vai ter dias que eu vou jogar por oito horas, vai ter dia que vou jogar quatro, duas, uma, ou até dez horas”, diz Lacerda, que explica que a dedicação depende de seu estado psicológico. “Pôquer é um jogo que envolve muito controle emocional. O seu estado de mente afeta sua produtividade. Se eu sentir que não estou bem, que estou emocionalmente envolvido no jogo, eu paro, simples assim”.

O jovem, que mora sozinho e tem como única fonte de renda o desporto, é um dos muitos brasileiros que adotaram o jogo de pôquer pela internet como profissão. Ele se profissionalizou em 2007, acompanhando a migração de alguns amigos que jogavam outros games online.
“Na época, eu jogava um jogo de estratégia, o Warcraft 3. Fiquei sabendo que alguns jogadores que eram ‘profissionais’ haviam se mudado para o pôquer, e alguns com muito sucesso. Comecei a ler tudo que eu achava na internet, frequentando fóruns de discussão de gringos”, conta.

A partir daí, Rodolfo começou a receber dicas de um tutor, que mostrou estratégias simples, conceitos gerais e o que mais era necessário para começar a apostar alguns dólares com uma margem de segurança. Hoje, consegue, junto aos lucros de seu site também voltado ao pôquer, ter dinheiro mais do que suficiente para se sustentar, já que foca o resto de suas atenções somente na faculdade federal de ciências contábeis.

Nos dias atuais, ele e os demais jogadores nacionais consideram que o Brasil vive um momento de popularização do esporte. Das programações da TV até as novas lojas e fóruns voltados ao assunto, o que mais chama a atenção é o investimento das empresas donas das maiores salas do mundo no Brasil. São eventos, ações de marketing e promoções exclusivas para jogadores nacionais.

O negócio pode ser lucrativo para quem sabe jogar. “Um profissional no Brasil pode receber dois mil reais por mês e talvez isso seja o suficiente pra ele se tornar pró. Mas tem cara no mundo que faz mais de dois milhões de reais por mês”, pondera Rodolfo Lacerda.

O jogador compara o esquema de jogo com uma escadaria. "Quanto mais alto o degrau que você estiver, maior o lucro. Existem brasileiros que estão nos primeiros degraus, mas ainda assim se profissionalizam, porque abaixo deles ainda tem muitos fishes (jogadores ruins). Mas um profissional que ganha dois mil por mês, com certeza é um grande fish para um que está em um degrau mais alto e que ganha ganha vinte mil, que é um fish pro que ganha cem mil, e assim vai", explica, deixando claro que não se trata de um cenário estático. "Vale observar que todo jogador pode subir ou descer de degraus, de acordo com a dedicação dele".

O preconceito

Não é tão simples conseguir uma entrevista com jogadores de pôquer online. A grande maioria alega que os profissionais do ramo não são tratados como deveriam e sempre alguns conceitos são distorcidos, ou mal interpretados.

Em conversas com brasileiros e até associações de jogadores, eles selecionam quem possa falar com o máximo de cautela. Lacerda, um dos que foi autorizado a tratar do assunto com responsabilidade, diz que ele mesmo sofre preconceito de alguns colegas de estudo.

“A maioria pensa e às vezes até fala ‘cuidado para não perder tudo!’ ou ‘sai dessa enquanto ainda está ganhando’. São pessoas que não entendem o jogo e não querem entender. Não querem saber que existe um raciocínio lógico, um cálculo matemático por trás de cada jogada para se certificar que ela trará lucro no longo prazo”, fala o mineiro, que acredita que algumas pessoas de sua faculdade sentem que ele está brincando quando fala da profissão.

O pôquer online, segundo Rodolfo, é muito mais calculista do que o jogado nas mesas reais, justamente por depender apenas do desenvolvimento do raciocínio lógico em frente ao computador. Para ele, na internet, é preciso entender como o oponente pensa para poder desarmá-lo. “Não que isso não exista no live (como chamam o modo não-virtual), mas lá existem tantas coisas passando ao mesmo tempo, desde a respiração até o piscar dos olhos, que eu acho que o foco não fica tanto nisso”.

O jogo e a lei

A lei brasileira trata o pôquer como jogo de azar e seria algo proibido, na teoria. Seria, pois, no modo online, eles ficam hospedados em outros países, o que impossibilita a criminalização.
“A mesa fica lá fora, onde o pôquer é legalizado, então, não há crime. O jogo sem aposta é lícito no Brasil. O que é criminalizado é o chamado ´jogo de azar´, quando envolve dinheiro. O grande problema é a existência da migração de recursos, para quem joga e para quem ganha. Quem remete dinheiro para fora para comprar créditos pode ser acusado de evasão de divisas. Agora, quem recebe o dinheiro do prêmio no Brasil, pode ser processado por crime contra a ordem tributária”, explica o advogado Jair Jaloreto, especializado em crimes na internet.

Jaloreto afirma que poucos casos sobre pôquer online já foram julgados. Neles, jogadores foram incriminados pelos rastros do cartão de crédito ao comprar fichas em sites internacionais. “Há uma linha tênue entre o que é permitido, ou não, dependendo da conduta de cada jogador”, pontua o advogado.

Nem todos concordam. Segundo Juliano Maesano, editor da revista especializada Flop, "o pôquer não é visto como um jogo de azar pela lei brasileira, e esse é um grave engano que acontece". O empresário ainda diz que "a lei diz que jogos de azar são aqueles que dependem exclusivamente da sorte ou predominantemente dela, e está provado por centenas de estudos que a sorte é apenas uma pequena parcela que influencia no pôquer".



1 comentários:

Anônimo disse...

Eu sou uma admiradora de quem consegue jogar pôquer e até gostaria de entrar nessa. Mas, não tenho a mínima habilidade com raciocínio matemático =/. Adorei a reportagem, clareou bastante como funciona. Parabéns!!!

bjos ú&e =D