segunda-feira, 29 de junho de 2009

Wilbur Ross, o bilionário louco por pechinchas



Outro visionário...

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"A quase desconhecida Plascar, fabricante de autopeças do interior paulista, foi uma das ações que mais subiram na última escalada da bolsa. Por trás dela, está o bilionário americano Wilbur Ross, famoso pelo oportunismo."

Por Eduardo Salgado

Revista EXAME

O bilionário americano Wilbur Ross, presidente do fundo de private equity WL Ross & Co., é o tipo de investidor que procura ouro no lixo. Se um setor da economia tem uma recaída ou passa a ser considerado ultrapassado, pode estar certo que é justamente lá que Ross será encontrado. Seu objetivo é pagar barato, reestruturar e vender com o maior lucro possível. No começo da década, a revista americana Business Week publicou uma reportagem de capa que perguntava se Ross havia enlouquecido. O questionamento era mais que um recurso de retórica. Ross, que trabalhou por 24 anos no banco de investimento Rothschild antes de fundar o WL Ross & Co. em 2000, vinha investindo centenas de milhões de dólares em siderúrgicas em dificuldades e no decadente setor têxtil americano. Beneficiado por medidas protecionistas do governo de George W. Bush, ele reestruturou as siderúrgicas, uniu todas debaixo de um mesmo grupo e o vendeu por 5 bilhões de dólares à Mittal, que com essa aquisição passou a ocupar o posto de maior produtora de aço do mundo. Em seguida, a Amvescap, empresa de investimentos globais com sede em Londres, pagou 375 milhões de dólares pela WL Ross & Co. e exigiu que Ross continuasse à frente dos negócios. "Acho que hoje, com exceção de minha mulher, ninguém mais pergunta se estou louco".

No Brasil, o único investimento feito pela WL Ross & Co. até hoje foi na Plascar, fabricante de autopeças com sede em Jundiaí, no interior de São Paulo, que ganhou notoriedade nos últimos dois meses pelo bom desempenho de suas ações na Bovespa - alta de 150%, a maior entre as empresas de baixo valor de mercado. "O valor do papel caiu muito no ano passado. Como o cenário para o setor automobilístico melhorou, a ação teve uma recuperação espetacular", diz Artur Delorme, analista da consultoria de investimentos carioca Lopes Filho. Independentemente dos altos e baixos da bolsa, Ross se diz satisfeito com a performance da empresa - acima da média do mercado desde que foi comprada, há três anos.

Na Plascar, Ross colocou em prática sua estratégia clássica. Ao constatar que a americana Collins & Aikman, antiga controladora da Plascar, tinha entrado em concordata e colocado à venda suas 38 fábricas espalhadas pelo mundo, mandou um de seus sócios a São Paulo para conhecer a fabricante de autopeças. "Naquela época, fomos procurados por muita gente, mas o único presidente de fundo que ligou pedindo informações foi o Ross", diz André Nascimento, presidente da Plascar que foi mantido no cargo após a mudança de mãos. Uma vez feito o diagnóstico de que o maior problema era uma dívida de 100 milhões de reais, o fundo comprou a empresa por 55 milhões. Na época da aquisição, o valor de mercado da Plascar na bolsa era de 90 milhões de reais. Hoje, com a questão do endividamento já resolvida, vale 386 milhões. "Minha maior contribuição foi limpar o balanço", diz Ross. "Não costumo me meter no dia-a-dia das companhias." Uma curiosidade: Ross é o presidente do conselho de administração, mas nunca pisou na Plascar. Todas as reuniões são por teleconferência.

A meta de Ross é aumentar a presença no Brasil - além de novos negócios no setor automobilístico, está examinando oportunidades nas áreas têxtil, de mineração e etanol. "A indústria sucroalcooleira do Brasil é muito atraente", diz, evidenciando seu interesse por um setor que, após um período de euforia, passa por um momento conturbado, com uma série de empresas em dificuldades e projetos paralisados. O bilionário americano não está só na intenção de aplicar no Brasil. Diante das estimativas de crescimento da economia no ano que vem - que oscilam de 2% a 4,5% -, um número crescente de estrangeiros cogita investir no país. Parte deles já fez o movimento. Em maio, o fluxo de dólares para o Brasil mais do que dobrou em relação a abril. No total, 3,1 bilhões de dólares entraram no país, quase tudo na forma de investimentos na produção. Ross está disposto a fortalecer essa tendência e promete visitar o país entre setembro e dezembro. O homem que adora uma pechincha tem mais de 3 bilhões de dólares em caixa.


1 comentários:

Fernanda Magalhães disse...
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