É fato que muitos de nós já tenham tirado alguma dúvida nos diversos fóruns da vida espalhados pela internet. Eu, por exemplo, já tive diversos nos meus favoritos, nos quais era cadastrado e, inclusive, ajudava outras pessoas com dúvidas também.
Com a evolução da internet e a criação dos mundos virtuais, esta é uma tendência que vem chamando a atenção de algumas empresas, que colocam problemas reais de seu dia-a-dia à disposição de milhões de pessoas com conhecimento para solucioná-los.
Há algum tempo venho conversando com amigos sobre isso, mas nem fazia idéia que existia um termo para tal. Muito menos que o mesmo foi criado em 2006, por um jornalista americano. Foi lendo uma matéria da exame que descobri, e gostaria de compartilhar com vocês.
Por Larissa Santana
Que executivo à frente de uma grande empresa não sonha com a possibilidade de ter à sua disposição mais de 1 bilhão de colaboradores espalhados pelo mundo - todos empenhados em resolver seus piores problemas e gerar os melhores e mais inovadores negócios? E se tudo isso pudesse acontecer sem que fosse preciso gastar dinheiro? Mais do que apenas uma espécie de ideal corporativo, esse é um cenário cada vez mais real para um grupo crescente de companhias. O fenômeno por trás disso é conhecido como crowdsourcing, termo cunhado pelo jornalista Jeff Howe, editor da revista americana Wired. Howe foi o primeiro a apontar a tendência, num artigo publicado na revista em 2006. Na prática, trata-se de delegar algo que antes acontecia dentro dos laboratórios de grandes corporações a redes virtuais de colaboradores - algo que vem mudando o modelo de negócios de companhias como IBM e Procter&Gamble. A tendência que subverte a lógica de inovação tradicional é o tema do novo livro de Howe - Crowdsourcing, lançado em agosto nos Estados Unidos. (A versão brasileira deverá chegar às livrarias no fim de novembro, como O Poder das Multidões, pela editora Campus-Elsevier.)
O termo crowdsourcing representa o equivalente virtual a abrir as portas da empresa para qualquer um que esteja na rua e convidá-lo a resolver um problema na linha de montagem ou no desenvolvimento de um produto. A interação se torna cada vez mais produtiva graças à popularização da internet. Com mais de 1 bilhão de internautas circulando por suas páginas, a web tem se tornado um pólo de conhecimento atraente. As empresas que já perceberam o poderoso potencial desse contingente na internet estão impulsionando o fenômeno que Howe chama de ascensão dos amadores. A IBM é uma delas. Em 2006, a companhia realizou um brainstorm virtual com mais de 150 000 pessoas - entre clientes, fornecedores, consultores e até parentes de funcionários - em 104 países. A reunião, chamada de Innovation Jam (algo como "confluência de inovação"), gerou idéias que inspiraram a criação de dez novos negócios pela companhia, que receberam um investimento inicial de 100 milhões de dólares. Nesse caso, os internautas participaram pelo puro prazer de dividir conhecimento - e não levaram um único centavo por isso. (Entre as idéias financiadas estão uma unidade de negócios voltada para tecnologias sustentáveis, como sistemas que funcionam movidos a energia solar.)
O vasto espectro de formação dos internautas é fundamental, segundo Howe, para poupar dinheiro e encurtar o tempo de resolução de problemas. É o que algumas companhias, como Procter&Gamble, DuPont e Basf, conseguem ao recorrer a redes como a InnoCentive, comunidade de 1 400 cientistas amadores em 170 países - de estudantes a físicos aposentados - que dedicam o tempo livre à ciência. Quando chegam a um entrave em suas pesquisas, essas companhias entregam o nó à InnoCentive, com a promessa de prêmios de 10 000 a 100 000 dólares pela solução. As estatísticas mostram que 75% dos cientistas vencedores já sabem a resposta ao desafio no momento em que o recebem. Na ponta do lápis, o investimento em parcerias com a rede de cientistas também compensa. Em média, a receita conseguida com a solução é 20 vezes superior ao prêmio pago.
O poder da multidão cresceu a ponto de abalar modelos de negócios tradicionais. Criada em 2000 pelo fotógrafo Bruce Livingstone, a agência de imagens canadense iStockPhoto nasceu como mero espaço de troca de trabalho entre amantes de fotografia. Tornou-se tão popular que Livingstone teve de cobrar pelo uso das fotos para custear o site - e cada imagem passou a ser vendida por 25 centavos de dólar. (O preço hoje pode chegar a 20 dólares, de acordo com a escolha.) O baixo custo chamou a atenção de revistas, jornais e estúdios de design cansados de pagar centenas de dólares por imagem vendida pelas agências formadas por profissionais. No imprevisto embate entre amadores e especialistas, os amadores levavam a melhor. A ameaça fez com que a Getty Images, maior distribuidora de fotos e vídeos do mundo, comprasse a iStockPhoto por 50 milhões de dólares em 2006. Segundo a própria Getty, as receitas de sua divisão profissional estão em queda, enquanto as geradas pelos amadores devem quadruplicar até 2012, para 262 milhões de dólares - montante equivalente a quase um terço das vendas da Getty em 2007.
Para Howe, esse é apenas o início da era do crowdsourcing. Os jovens, segundo o jornalista, estão mais acostumados à cultura participativa, e por isso poderão se tornar um exército ainda mais eficiente dedicado às empresas. Entre os internautas americanos de 12 a 17 anos, 64% criam algum conteúdo na internet. Um terço colabora com outros internautas - ante apenas 13% de adultos habituados a palpitar em sites alheios. A nova geração de "nativos digitais", como Howe define, hoje produz conteúdo para sites como MySpace, Facebook e YouTube. Caberá às companhias aproveitar essa disposição para produzir novos negócios. "Uma profunda mudança está a caminho", diz Howe, que também não quis ficar de fora da tendência. A capa da edição britânica do livro foi decidida por 12 000 pessoas, que elegeram suas preferidas entre as 300 opções enviadas por internautas interessados num site criado especificamente para o concurso.
Com a evolução da internet e a criação dos mundos virtuais, esta é uma tendência que vem chamando a atenção de algumas empresas, que colocam problemas reais de seu dia-a-dia à disposição de milhões de pessoas com conhecimento para solucioná-los.
Há algum tempo venho conversando com amigos sobre isso, mas nem fazia idéia que existia um termo para tal. Muito menos que o mesmo foi criado em 2006, por um jornalista americano. Foi lendo uma matéria da exame que descobri, e gostaria de compartilhar com vocês.
Por Larissa Santana
Que executivo à frente de uma grande empresa não sonha com a possibilidade de ter à sua disposição mais de 1 bilhão de colaboradores espalhados pelo mundo - todos empenhados em resolver seus piores problemas e gerar os melhores e mais inovadores negócios? E se tudo isso pudesse acontecer sem que fosse preciso gastar dinheiro? Mais do que apenas uma espécie de ideal corporativo, esse é um cenário cada vez mais real para um grupo crescente de companhias. O fenômeno por trás disso é conhecido como crowdsourcing, termo cunhado pelo jornalista Jeff Howe, editor da revista americana Wired. Howe foi o primeiro a apontar a tendência, num artigo publicado na revista em 2006. Na prática, trata-se de delegar algo que antes acontecia dentro dos laboratórios de grandes corporações a redes virtuais de colaboradores - algo que vem mudando o modelo de negócios de companhias como IBM e Procter&Gamble. A tendência que subverte a lógica de inovação tradicional é o tema do novo livro de Howe - Crowdsourcing, lançado em agosto nos Estados Unidos. (A versão brasileira deverá chegar às livrarias no fim de novembro, como O Poder das Multidões, pela editora Campus-Elsevier.)
O termo crowdsourcing representa o equivalente virtual a abrir as portas da empresa para qualquer um que esteja na rua e convidá-lo a resolver um problema na linha de montagem ou no desenvolvimento de um produto. A interação se torna cada vez mais produtiva graças à popularização da internet. Com mais de 1 bilhão de internautas circulando por suas páginas, a web tem se tornado um pólo de conhecimento atraente. As empresas que já perceberam o poderoso potencial desse contingente na internet estão impulsionando o fenômeno que Howe chama de ascensão dos amadores. A IBM é uma delas. Em 2006, a companhia realizou um brainstorm virtual com mais de 150 000 pessoas - entre clientes, fornecedores, consultores e até parentes de funcionários - em 104 países. A reunião, chamada de Innovation Jam (algo como "confluência de inovação"), gerou idéias que inspiraram a criação de dez novos negócios pela companhia, que receberam um investimento inicial de 100 milhões de dólares. Nesse caso, os internautas participaram pelo puro prazer de dividir conhecimento - e não levaram um único centavo por isso. (Entre as idéias financiadas estão uma unidade de negócios voltada para tecnologias sustentáveis, como sistemas que funcionam movidos a energia solar.)
O vasto espectro de formação dos internautas é fundamental, segundo Howe, para poupar dinheiro e encurtar o tempo de resolução de problemas. É o que algumas companhias, como Procter&Gamble, DuPont e Basf, conseguem ao recorrer a redes como a InnoCentive, comunidade de 1 400 cientistas amadores em 170 países - de estudantes a físicos aposentados - que dedicam o tempo livre à ciência. Quando chegam a um entrave em suas pesquisas, essas companhias entregam o nó à InnoCentive, com a promessa de prêmios de 10 000 a 100 000 dólares pela solução. As estatísticas mostram que 75% dos cientistas vencedores já sabem a resposta ao desafio no momento em que o recebem. Na ponta do lápis, o investimento em parcerias com a rede de cientistas também compensa. Em média, a receita conseguida com a solução é 20 vezes superior ao prêmio pago.
O poder da multidão cresceu a ponto de abalar modelos de negócios tradicionais. Criada em 2000 pelo fotógrafo Bruce Livingstone, a agência de imagens canadense iStockPhoto nasceu como mero espaço de troca de trabalho entre amantes de fotografia. Tornou-se tão popular que Livingstone teve de cobrar pelo uso das fotos para custear o site - e cada imagem passou a ser vendida por 25 centavos de dólar. (O preço hoje pode chegar a 20 dólares, de acordo com a escolha.) O baixo custo chamou a atenção de revistas, jornais e estúdios de design cansados de pagar centenas de dólares por imagem vendida pelas agências formadas por profissionais. No imprevisto embate entre amadores e especialistas, os amadores levavam a melhor. A ameaça fez com que a Getty Images, maior distribuidora de fotos e vídeos do mundo, comprasse a iStockPhoto por 50 milhões de dólares em 2006. Segundo a própria Getty, as receitas de sua divisão profissional estão em queda, enquanto as geradas pelos amadores devem quadruplicar até 2012, para 262 milhões de dólares - montante equivalente a quase um terço das vendas da Getty em 2007.
Para Howe, esse é apenas o início da era do crowdsourcing. Os jovens, segundo o jornalista, estão mais acostumados à cultura participativa, e por isso poderão se tornar um exército ainda mais eficiente dedicado às empresas. Entre os internautas americanos de 12 a 17 anos, 64% criam algum conteúdo na internet. Um terço colabora com outros internautas - ante apenas 13% de adultos habituados a palpitar em sites alheios. A nova geração de "nativos digitais", como Howe define, hoje produz conteúdo para sites como MySpace, Facebook e YouTube. Caberá às companhias aproveitar essa disposição para produzir novos negócios. "Uma profunda mudança está a caminho", diz Howe, que também não quis ficar de fora da tendência. A capa da edição britânica do livro foi decidida por 12 000 pessoas, que elegeram suas preferidas entre as 300 opções enviadas por internautas interessados num site criado especificamente para o concurso.