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Num dia do outono de 1877, Edison mostrou ao chefe de suas oficinas, John Krusei, o esboço de uma curiosa engenhoca. Krusei não achava difícil construir a máquina que a planta mostrava ser bastante simples: um tubo metálico com uma espécie de funil, um diafragma de pergaminho e um cilindro de aço. O que Krusei achava estranho era que tal máquina pudesse servir para alguma coisa.
Quando Edison afirmou-lhe que o aparelho seria capaz de repetir o que lhe dissessem, o ceticismo aumentou. Krusei chegou a apostar com Edison uma caixa de charutos, que perderia se a máquina chegasse a funcionar.
Quando a máquina ficou pronta, Edison envolveu o cilindro de aço numa folha de estanho. Depois, enquanto o cilindro girava, cantou uma velha canção popular dentro do funil: "Maria tinha um carneirinho. . ." Enquanto cantava, sua voz fazia vibrar a membrana de pergaminho, que por sua vez comandava uma agulha que ia sulcando a superfície macia do estanho.
Chegou então o momento culminante. Posto novamente a funcionar o aparelho, o sulco do estanho fazia vibrar a agulha e esta, por sua vez, acionava a membrana de pergaminho. Para espanto e incredulidade dos auxiliares que cercavam a máquina, voltou a soar a voz de Edison:
"Maria tinha um carneirinho..." E Krusei perdeu a aposta.
Esse famoso episódio da carreira de Edison foi apenas um entre muitos, e talvez não o mais significativo. Mas sua influência sobre a tecnologia foi tão profunda que é muito difícil extirpar os exageros e os mitos incluídos em suas numerosas biografias. O impacto de suas invenções, como o fonógrafo e a lâmpada elétrica, alterou os padrões de vida em todo o mundo. As inovações de seu gênio eram tão revolucionárias que eqüivaliam, na época, ao trabalho de pesquisa, somado, de três ou quatro das mais importantes empresas americanas de hoje.
Em torno de figura tão dinâmica, perseverante e empreendedora, forçosamente teriam de acumular-se distorções lendárias. Mas o que existe de real em sua vida já é suficientemente dramático e novelesco. Ainda hoje, a carreira de Edison é um exemplo estimulante do individualismo empreendedor americano. E torna-se possível dizer que Edison deixou como herança também uma grande influência cultural sobre a nação em que viveu.
A invenção do fonógrafo é um exemplo destacado da capacidade inventiva de Edison. O aparelho funcionou logo no primeiro teste, sem nenhuma experiência prévia. Depois de construído e posto a funcionar o engenho, o próprio Edison ficou admirado diante de sua criação. A certeza de que o aparelho funcionaria lhe havia sido inculcada por outras experiências, relacionadas com o registro de comunicações telegráficas, porém o êxito imediato o surpreendeu.
Outro fato estranho na história do fonógrafo foi sua "incubação". A princípio a invenção provocou espanto e polêmica (muita gente suspeitava da presença de algum ventríloquo durante as experiências). Mas a ninguém ocorreu dar aplicação prática ao invento. Durante uns dez anos o aparelho ficou de lado.
Só depois deste tempo Edison resolveu dar-lhe atenção e melhoramentos. Gradualmente, foram surgindo o gramofone e o disco sulcado de hoje. Em sua forma primitiva, porém, o aparelho serviria para orientar o aperfeiçoamento do telefone.
Procedimentos desse tipo eram comuns a Edison. Ele acreditava que a experiência de lentas reelaborações da idéia e do aparelho sempre conduzia a resultados práticos decisivos.
A "máquina falante" de Edison gerou tal perplexidade no povo que logo se popularizou o cognome "Mago de Menlo Park". Menlo Park era a área suburbana de Nova York onde Edison havia construído uma mansão e seus laboratórios de pesquisa.
Samuel Edison, de origem irlandesa, exercia ativa militância política no Canadá. Quando falhou o movimento de independência de que ele participava, viu-se obrigado a emigrar para os Estados Unidos com sua jovem esposa, Nancy Elliot. Foi na cidade de Milan, Ohio, que nasceu Thomas a 11 de março de 1847.
Quando a família mudou-se para Port Huron, no Michigan, o pequeno Tom já estava em idade de freqüentar a escola. Mas preferia as lições que lhe eram ministradas por sua mãe.
Na escola era mau aluno, pouco assíduo e desinteressado. Quando começou a manifestar-se nele o gosto pela mecânica, também se desenvolveu, paralelamente, um profundo desejo de Independência. Cultivava hortaliças e frutas para vender na cidade. Com o produto do próprio trabalho ajudava a família pobre e conseguia dinheiro para comprar livros e instrumentos, material de aprendizado de que não dispunha na escola.
A freguesia aumentava, a ponto de a produção de seus artigos ser insuficiente. Ocorreu-lhe então a idéia de reabastecer-se na vizinha cidade de Detroit.
Mas, sempre prático, não podia desperdiçar o tempo nas viagens de trem. Durante o trajeto vendia jornais; teve tanto sucesso como jornaleiro que logo se tornou também editor. Publicava um semanário, o "Weekly Herald" (Arauto Semanal), onde era ao mesmo tempo repórter, redator, gerente, tipógrafo e distribuidor. Fazia todo o trabalho no mesmo vagão bagageiro que lhe servia de laboratório, com equipamento improvisado e com a pouca experiência de seus quinze anos.
Essa fase de sua vida acabou mal. Um dia, a explosão de uma garrafa de fósforo ateou fogo ao vagão e Edison foi despejado de seu laboratório-oficina. Um sopapo no ouvido sofrido nessa ocasião é dado como causa de uma mastoidite que lhe provocou a surdez, parcial que o perseguiria nos anos seguintes.
Despejado do trem, Edison se defrontava com a realidade adversa. Havia vivido de expedientes até ali, sem desenvolver nenhum aprendizado capaz de propiciar-lhe um emprego estável. Num episódio imprevisto, porém, salvou a vida da filha do chefe da estação ferroviária de Mount Clemens. Acolhido na casa com gratidão, Edison pôde aprender telegrafia.
A invenção de Morse, na época, oferecia muito interesse e compensações para os que se dedicavam a ela. Edison, fascinado, em pouco tempo se tornava um perito operador. Mas, enquanto manipulava o telégrafo, sua mente inquieta continuava a trabalhar, em busca de aperfeiçoamentos para o aparelho.
Sua inteligência, que tornava tão fácil a obtenção de empregos, era também a causa freqüente de suas demissões: Edison raramente se conformava em submeter-se à rotina estabelecida. Queria inovar. Um exemplo dessa característica de sua personalidade foi a experiência num emprego noturno. Para poder dormir, inventou um dispositivo automático que o despertava a horas fixas, para marcar o ponto, ou quando se aproximasse algum inspetor. Ouando descobriram o expediente, Edison mais uma vez se viu desempregado. Em 1869 estava em Nova York, sem trabalho e sem um níquel no bolso.
Mas, nessa época, seu destino sofreu uma reviravolta. Durante o tempo em que havia passado como operador de telégrafo, conseguiu inventar um aparelho registrador de números e letras, para mensagens telegráficas. E em Nova York tal aparelho teria enorme aplicação: as cotações da Bolsa de Valores precisavam ser transmitidas rapidamente.
O alcance desse invento - o teletipo - foi logo percebido por uma emproas de corretagem. Especuladores da Bolsa poderiam fazer fortuna com sistema tão rápido de comunicações. Ofereceram-lhe 40.000 dólares pela patente.
Da noite para o dia estava rico. Construiu um laboratório de pesquisas, mais parecido com uma oficina mecânica. E, no período de 1870 a 1875, continuou a investigar o telégrafo, em busca de novos aperfeiçoamentos e aplicações.
Como resultado desse trabalho, inventou os sistemas dúplex e quadrúplex, que permitiam a transmissão simultânea de duas e quatro mensagens através de um Mesmo cabo. Era um dispositivo de enorme importância. O telégrafo, único sistema de comunicação rápida a distância, tornou-se a conquista científica de maior rendimento econômico de então. A reputação de Edison e sua riqueza atingiam níveis nunca sonhados por ele.
Em 1876, a grandeza de seus recursos e a amplitude de suas atividades motivaram a construção de um verdadeiro centro de pesquisas em Menlo Park. Era quase uma cidade industrial, com oficinas, laboratórios, assistentes e técnicos capacitados. Nessa época, Edison chegou a propor-se a meta de produzir uma nova invenção a cada dez dias. Não chegou a tanto, mas é verdade que, num certo período de quatro anos, conseguiu patentear 300 novos inventos, o que eqüivale praticamente a uma criação a cada cinco dias.
Em 1878, com 31 anos, propôs a si mesmo o desafio de obter luz a partir da energia elétrica. (É bom lembrarmos que sequer existia, na época, qualquer rede elétrica já instalada. Para Edison, isso constituía um problema menor. Se a lâmpada elétrica desse certo, ele haveria de gerar a energia e implantar a rede para conduzi-la.)
Outros pesquisadores já haviam tentado construir lâmpadas elétricas. Nernst e Swan, por exemplo, haviam obtido alguns resultados, mas seus dispositivos tinham vida bastante curta.
Edison tentou inicialmente utilizar filamentos metálicos. Foram necessários enormes investimentos e milhares de tentativas para descobrir o filamento ideal: um fio de algodão parcialmente carbonizado. Instalado num bulbo de vidro com vácuo, e se aquecia com a passagem da corrente elétrica até ficar incandescente, sem porém derreter, sublimar ou queimar. Em 1879, uma lâmpada assim construída brilhou por 48 horas contínuas e, nas comemorações do final de ano, uma rua inteira, próxima ao laboratório, foi iluminada para demonstração pública.
Dois anos depois, Edison construía a primeira estação geradora de eletricidade, a qual produzia corrente contínua. (Nos anos seguintes, um grande conflito de opiniões se estabeleceria entre ele, que preferia o uso dessa corrente, e Tesla e Westinghouse, que defendiam o uso da corrente alternada.)
Edison ainda aperfeiçoou o telefone (com o microfone a carvão empregado até hoje), o fonógrafo, e muitas outras invenções. Em conjunto, essas realizações modificaram os hábitos de vida em todo o mundo e consagraram definitivamente a tecnologia.
Ao longo de sua vida, Edison registrou 1300 inventos. Apenas para criar um novo tipo de bateria, fez 8 mil tentativas infrutíferas, ao fim das quais afirmou: "Bem, pelo menos conhecemos 8 mil coisas que não funcionam".
Foi em grande parte por influência de Edison que a ciência norte-americana passou a orientar-se para a satisfação das necessidades imediatas do homem, numa filosofia utilitária que ainda hoje perdura e que tornou os Estados Unidos a maior potência industrial do século XX.
O grande papel de Edison na ciência não foi, portanto, o de pesquisa pura, de descoberta de propriedades fundamentais da matéria. Sua mente prodigiosa, ao contrário, orientou-se para a aplicação prática de princípios estabelecidos por cientistas que o precederam. Morreu a 18 de outubro de 1931.
5 comentários:
esse Edison hein....graças á ele muita gente enriqueceu um bocado né???Rsrs
vem cá....vc disse que é fácil...aquela parada....tem dicas??? :P
e já foi no blog da japonezuda hj???
hahahahahahahaah
beijos!
HOHO muitoo boom esse post :)
bejoo
Vic, tem presente pra vc no Brisa Feliz! Bjos lindo!
pelo titulo já amei! hahahah
Foi fera mesmo.
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