sexta-feira, 9 de abril de 2010

Um exemplo de intraempreendedorismo




Algumas pessoas talvez não saibam o significado de intraempreendedorismo. Esta é uma palavra relativamente nova, que, segundo o Wikipedia, foi usada pela primeira vez em 1985.

Por definição, intraempreendedorismo significa empreender internamente. Ou seja, você, eu e qualquer outra pessoa que trabalhe seja no que for, pode praticar o empreendedorismo. Empreender não é só ter um negócio próprio. Sendo assim, trago uma história muito bacana, que tirei do material do meu curso de empreendedorismo e inovação. O exemplo de Gleice, que ainda era estudante na época, serve como motivação para todos aqueles que queiram desenvolver suas habilidades ou aplicar novas ideias.

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A história de intraempreendedorismo de Gleice Luciane



Ouvir o relato da atual Coordenadora de Processos Gleice Luciane, há 9 anos na indústria automotiva francesa que produz automóveis sob as marcas Peugeot e Citroën em Resende – RJ, é um aprendizado para aqueles que buscam empreender em organizações.

Admitida em 2000 como estagiária no Setor de Engenharia da chaparia, ela enfrentou grandes desafios, sendo o primeiro deles o fato de não falar francês. Gleice conta que aos poucos, com ajuda de colegas, exercitando a desinibição e a coragem para falar, aprendeu em pouco tempo. Em 2001, recebeu a demanda de realizar um “estágio-operário”, que consistia em passar cerca de duas semanas realizando um trabalho mecânico e repetitivo no chão da fábrica. Desse estágio, Gleice elaborou um relatório que foi considerado excelente em conjunto com outros três operadores pertencentes a este posto de trabalho. Nessa oportunidade, percebeu que grandes idéias podem vir daqueles que executam as tarefas, pois segundo ela, eles sempre têm algo que não está escrito em nenhum livro ou norma da empresa, eles têm o savoir-faire (saber fazer) – o conhecimento tácito que adquiriram no dia-a-dia, um tesouro de oportunidades de melhoria nos processos que
poucos dão importância.

Não demorou um mês para que ela fosse efetivada como Analista de Processos do Setor de Engenharia, ainda no 8º período da graduação de Engenharia de Produção, se tornando responsável pela linha de produção de assoalhos do veículo Peugeot 206.

Conta que ganhar credibilidade e respeito em um ambiente completamente masculino foi um grande obstáculo. Diz sorrindo que a estratégia adotada foi não se mostrar mulher neste ambiente, ou seja, ela estava sempre vestida de jaleco fechado, cabelos presos, botas de segurança com biqueira de aço, além disso buscou rapidamente dominar as atividades que os operadores executavam e sempre ouvir atentamente suas idéias de melhoria pontuais nos processos. Quando assumiu esse cargo, a linha tinha capacidade de produzir 12 veículos por hora, ela conseguiu aumentar seu potencial produtivo para 13,5 e, posteriormente, para 16 veículos por hora. O segredo foi sempre envolver todos os operadores do chão de fábrica no planejamento das melhorias, a fim de que eles se sentissem responsáveis pelo sucesso de cada modificação.

“Otimizar processos fechada em uma sala com um grupo de engenheiros e tentar implementar no chão da fábrica sem o envolvimento de quem realiza as tarefas, tem tudo para ser um fiasco”.

Gleice recebeu aumentos de salário de mérito todos os anos, devido sua performance e os bons resultados dos projetos, passando de Analista de Processos Pleno para Especialista de Processos, subindo dois níveis dentro da organização antes mesmo de se formar.

Depois disso, recebeu um novo desafio: gerenciar um projeto de modificação da lógica de comando dos dispositivos de solda da linha de assoalho, cujo objetivo era passá-los de pneumáticos para eletro-pneumáticos. Segundo ela, existia um gargalo no processo atual e essa modificação iria trazer grandes benefícios para a equipe de manutenção na detecção de defeitos. Como não detinha esse conhecimento, solicitou férias e durante duas semanas de suas férias entrou em contato com um fornecedor especialista e foi para São Paulo conhecer os princípios e as instalações necessárias a essa modificação. Iniciou o projeto ficando o tempo todo no canteiro de obras observando cada detalhe, e hoje é a única especialista da fábrica em automação.

Após o sucesso no gerenciamento de projetos ligados à gestão e otimização de processos produtivos, em destaque: Peugeot 206 SW, face lifting do Citroen Picasso e Peugeot 207, Gleice obteve reconhecimento nos diversos níveis da organização pelo dinamismo e forte comprometimento com os resultados, chegando a alcançar a coordenação da equipe de engenheiros de concepçãofuncional de produtos no Mercosul.

Gleice ainda deixa a dica que para ser um empreendedor corporativo de sucesso:

“Não basta somente conhecer tecnicamente cada processo , é preciso visualizá-los sob uma ótica macro a fim de promover, de forma contínua, uma gestão integrada entre os diversos processos e a estratégia de negócios da organização”.

2 comentários:

Raffael Pinheiro disse...

Mulherzinha sinistra hein!
Parabéns pra ela que conseguiu enxergar que quem faz, muita das vezes sabe mais que os engenheiros que só acham que sabem. Funcionários da produção normalmente sabem o que pode ser melhorado, mas falta a pro-atividade, comprometimento e principalmente a liberdade de expressar as idéias para melhorar os processos.

Abraços maninho!

JohnnyPereira disse...

Concordo =D
O legal é que não se tem somente esse exemplo varias empresas colocam como foco o endomarketing que tambem auxilia nesse processo de empreendedorismo interno, pedem para funcionarios participarem do processo, me lembrei do Relatório Toyota que pra mim vem como um otimo exemplo desses fatores.
Abraço otimo post!