segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O "Warren Buffet" Brasileiro

Mais um que entrou pra minha lista de admiração.

"Ele começou com uma factoring para atender a comunidade coreana de São Paulo. Dez anos depois, Mu Hak You desponta como um dos destaques do mercado financeiro"
Antes de ser considerado um dos investidores mais brilhantes de todos os tempos, o americano Warren Buffett, o homem mais rico do mundo, era mais conhecido por suas excentricidades. Sempre fez questão de manter a sede de sua empresa, a Berkshire Hathaway, na pequena cidade de Omaha, distante quase 2 000 quilômetros de Wall Street. Buffett justificava a decisão dizendo que a boataria que tipicamente circula pelos corredores de bancos e corretoras atrapalha decisões racionais de investimento. Um histórico de mais de 50 anos de desempenhos positivos fez o estilo de Buffett ser reverenciado — e largamente copiado. No Brasil, um de seus seguidores mais bem- sucedidos também tem um perfil pouco comum para o mundo das finanças. Seu nome é Mu Hak You e pouca gente fora de seu setor ou da comunidade coreana, a qual ele pertence, já o viu ou ouviu falar dele. (Mu Hak não dá entrevistas e se recusa a ser fotografado. O retrato desta reportagem foi feito de uma imagem pessoal e recente.) Sua gestora de recursos, a GWI, foi criada em 1995 como uma modesta empresa de factoring no Bom Retiro — bairro do centro paulistano famoso por suas confecções de baixo custo, mas sem nenhuma tradição financeira, apesar do dinheiro que lá circula. O Bom Retiro dos coreanos pareceu ser o mercado ideal para Mu Hak começar seu negócio. A idéia era administrar e multiplicar a fortuna de patrícios quase sempre tão reclusos e desconfiados quanto ele. Longe dos holofotes e de grandes investidores institucionais, em cerca de uma década Mu Hak transformou sua empresa de factoring numa gestora e, nos últimos três anos, despontou como um dos destaques do setor. Seu principal fundo de ações, o GWI FIA, rendeu 446% de julho de 2005 a julho de 2008, o melhor desempenho da categoria de acordo com um levantamento do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas.

A admiração de Mu Hak por Buffett é explícita. Em 2007, ele tentou, sem sucesso, negociar a vinda do investidor americano ao Brasil para fazer uma palestra a aplicadores do mercado financeiro. Embora Mu Hak se recuse a falar com a imprensa, o site da GWI deixa claro que sua estratégia tem vários pontos em comum com a de Buffett. Enquanto o americano ensina que “o prazo ideal para aplicar numa ação é para sempre”, Mu Hak diz que investe no longo prazo porque sabe que o valor da empresa é reconhecido com o passar do tempo. Como Buffett, o coreano realiza um minucioso trabalho de pesquisa para identificar empresas com boas perspectivas de crescimento e lucratividade, mas que estão subavaliadas na bolsa. Depois, compra uma grande quantidade de suas ações e fica com elas até que se valorizem.

Além de colocar os fundos da GWI no topo da lista dos mais rentáveis do mercado, essa estratégia levou Mu Hak a realizar algumas façanhas. A mais impressionante foi ter se tornado o maior acionista individual da Lojas Americanas. O coreano passou a comprar ações da empresa em meados da década de 90, com uma indenização que recebeu após ser demitido de uma diretoria do extinto banco Nacional. Nessa época, ele enfrentava uma situação profissional complicada. Nascido na Coréia do Sul e vivendo no Brasil desde a adolescência, Mu Hak tinha ocupado cargos de alto escalão em instituições financeiras — chegou à vice-presidência de finanças corporativas do Citi em Belo Horizonte —, mas não encontrava um novo emprego. Aos amigos, dizia que iria criar um negócio próprio e achar seu espaço. O negócio era a GWI, e ele enxergava na Lojas Americanas uma chance de multiplicar o capital da nova empresa. Na época, uma ação da varejista custava menos de 50 centavos. Silenciosamente, Mu Hak passou a comprar cada vez mais ações à medida que elas se valorizavam e, com isso, acumulou 13,5% dos papéis com direito a voto. Foi o suficiente para lhe garantir uma vaga no conselho de administração da companhia — para desgosto dos controladores Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, que passaram a ter de dividir poder com um minoritário que entrou sem ser convidado.

Mu Hak You,fundador da gestora de recursos GWI, de São Paulo:

Idade: 56 anos

Histórico: Seu principal fundo de ações, o GWI FIA, foi o mais rentável de sua categoria nos últimos três anos. É o maior acionista individual da Lojas Americanas

No conselho, sua fama é a de ser um detalhista incontrolável. “Já fiz centenas de apresentações a analistas e investidores em diferentes países e nunca vi ninguém perguntar tanto quanto ele”, diz um ex-executivo da Americanas. Ele é do tipo que quer saber como funcionam os sistemas de venda da empresa, a diferença de custos e até a tecnologia envolvida na coleta online de pedidos. É assim na Americanas e na maioria das empresas em que ele investe — ou já investiu. Um exemplo é a Eternit, onde Mu Hak fez parte do conselho de administração até recentemente. Nesse caso, ele foi convidado para integrá-lo pelos donos e sua participação foi elogiada pelos colegas. “Ele participou ativamente da migração da companhia para o novo mercado”, diz Guilherme Affonso Ferreira, presidente da holding Bahema Participações e conselheiro da Eternit.

O profissional que se apresenta aos executivos dessas companhias, porém, é bem diferente do Mu Hak que dá expediente das 7 da manhã às 10 da noite no escritório da GWI, na avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo. (Há quatro anos, a empresa se mudou para lá, mas manteve uma filial no Bom Retiro.) Visto como um sujeito de fácil relacionamento no meio empresarial, Mu Hak é tido como um chefe à beira da tirania. Suas ordens costumam ser dadas aos gritos. É centralizador e suas decisões mudam repentinamente. Não é o tipo de clima que atrai ou mantém talentos. O coreano começou o ano com 40 empregados e o plano era dobrar esse número até dezembro. Mas até agora dez pediram demissão e ele nem sequer conseguiu repor essas vagas. “Os empresários da comunidade coreana investem na GWI, mas não costumam deixar seus filhos trabalhar lá”, diz um ex-funcionário. Segundo pessoas próximas a ele, Mu Hak sabe do problema e vem tentando resolvê-lo. Em 2007, instituiu um generoso sistema de bônus que prevê que um quinto dos lucros da GWI seja distribuído aos funcionários. Isso rendeu cerca de 200 000 reais para um estagiário, por exemplo.

Afinal, o que Mu Hak tem de Buffett?

Confira abaixo as semelhanças e as diferenças entre o coreano e o megainvestidor:

No que ele se parece com buffett Estuda a fundo as empresas em que investe
Concentra seus investimentos em setores que conhece;

Pensa no longo prazo e, geralmente, mantém as ações em carteira por vários anos
Investe em um número reduzido de empresas.
Confira abaixo a carteira do fundo GWI FIA:
Usiminas: 22%
Eletropaulo: 18%
Lojas Americanas: 16%
Copel: 12%
B2W: 12%
Outras: 20%
Segundo o relatório de 30/4/2008 enviado à CVMFontes: CEF-FGV, CVM e Economática.

No que é diferente do americano:

Corre muito mais riscos porque faz operações arrojadas nos mercados futuros
Tem um histórico bem mais curto, de pouco mais de uma década — Buffett está no mercado há mais de 50 anos.

Essa inconstância assusta as grandes instituições financeiras. Até hoje, nenhuma concordou em oferecer os fundos da GWI a seus clientes, apesar de seu desempenho excepcional. O GWI FIA não é a única estrela da gestora. O clube de investimentos, que recentemente foi transformado em fundo, rendeu 2 500% desde 1999, seis vezes mais que o Ibovespa. “Se ninguém pára lá, fica claro que a continuidade da operação depende de Mu Hak, e esse é um risco grande”, diz o sócio de uma consultoria de investimentos. Outro fator que deixa os executivos financeiros com o pé atrás são os altíssimos riscos assumidos por Mu Hak na gestão dos fundos. Ele faz pesadas operações de compra e venda de ações no mercado futuro, que comprometem mais de duas vezes o patrimônio do fundo. No jargão do mercado, isso se chama alavancagem. Na prática, significa que quem põe dinheiro nos fundos da GWI pode perder mais do que aplicou. Essa, aliás, é uma estratégia que foge dos princípios de Buffett — o americano, conhecido como o “Oráculo de Omaha”, é avesso a correr riscos e praticamente não alavanca seu portfólio.

Mais da metade do patrimônio de 1 bilhão de reais dos fundos da GWI é composta pela fortuna pessoal de Mu Hak. Cerca de 90% dos recursos restantes vêm de investidores coreanos. “Mu Hak viu a evolução dos empresários coreanos e sabia da dificuldade que muitos tinham para lidar com instituições financeiras. Enxergou, aí, uma oportunidade”, diz Rafael Byung Na, vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Coréia. Conta-se que, no começo, ele andava pelas ruas do Bom Retiro e parava de loja em loja para apresentar sua empresa. Hoje, já estabelecido, Mu Hak passou a preparar sua expansão internacional. Sua intenção é oferecer fundos que apliquem em ações de empresas brasileiras para estrangeiros. Fluente em inglês, coreano e chinês, ele acaba de abrir uma filial nos Estados Unidos. Em Omaha? Não. O escritório fica em Nova York mesmo.

3 comentários:

Bem Resolvida disse...

pois é, meu querido empreendedor. acabei de dar meu depoimento sobre o tema!! rs
volta lá!!

Anônimo disse...

deem uma olhada no website de sua gestora www.gwibank.com.br e vejam que com essa crise financeira, de ontem pra hoje, ele perdeu 30% do patrimonio....

Anônimo disse...

Estes Fundos quebraram e o tal empreendedor de sucesso esta catando os cacos
CUIDADO que esta materia foi escrita não 1 ano atrás mas em meados de setembro. Quem escreveu deveria ter um minimo de bom senso de dar uma pesquisada antes de coloca-la pois esta historia´tem um funal DRAMÁTICO.
De Wareen Buffet este cara não tem nada pois era um alavancador