segunda-feira, 10 de março de 2008
Jack Ma, o influente empresário da internet chinesa.
Jack Ma, é considerado hoje o mais influente empresário da internet da China, o homem que fechou em agosto o maior negócio da rede chinesa em toda a sua História: a associação entre o Yahoo e o seu Alibaba (site de e-commerce), uma operação de US$ 1 bilhão. O Alibaba.com, criado em 1999, cresceu, possui hoje 15 milhões de usuários registrados e virou uma plataforma de negócios bastante popular na China. O site conta com o sistema de pagamento online Alipay, semelhante ao Paypal, que tem enorme credibilidade e é cada dia mais utilizado num país onde o dinheiro vivo é usado em 95% das transações do dia-a-dia.
Em 2008, Jack Ma (Em mandarim: Ma Yún), de 44 anos, passou a integrar a lista dos bilionários da China, de acordo com a revista americana Forbes. Pra quem não conhece a história deste oriental, aconselho a comprar a revista Época - deste mês - e dar uma conferida na história do mesmo. Jack Ma é mais uma prova de como é possível crescer e ter destaque no atual capitalismo em que vivemos.
Segue uma entrevista concedida por Ma, por e-mail, para a revista Info:
Alguns analistas dizem que, apesar de controlada, a internet na China vai continuar crescendo num ritmo acelerado o que, por sua vez, tornará cada vez mais difícil controlá-la. O senhor concorda?
JACK MA: O Alibaba é focado no comércio eletrônico, algo sobre o qual o governo chinês sempre foi muito positivo e encorajador. Controlar a internet não será tão importante quanto permitir que a indústria de internet na China se desenvolva para beneficiar negócios, consumidores e toda a economia. Nunca ninguém do governo bateu na nossa porta e tentou controlar o que fazemos. O governo sempre me perguntou: “Jack, o que eu posso fazer para ajudá-lo?” A mídia internacional e analistas sempre gostam de destacar o controle da internet, mas se derem uma olhada mais de perto no quanto a internet está sendo usada na China, em negócios e na vida privada, eles vão notar que no geral a rede vem se desenvolvendo muito livremente e está mudando a sociedade como um todo.
Qual é a coisa mais interessante, verdadeiramente única, sobre a internet chinesa?
MA: As comunidades. O poder da comunidade online na China é algo que a maioria dos estrangeiros acha difícil de compreender. Quando você vai a um cibercafé, vê o quanto as pessoas aqui usam a internet para reunir amigos e a família. Nós primeiro percebemos o quanto o conceito de comunidade era forte nos mercados B2B (business-to-business) do Alibaba. E então, com o TaoBao, vimos que as pessoas comuns também tinham um grande senso de comunidade. Se você está na indústria de internet da China e não entende como funcionam as comunidades, então você não terá sucesso na China.
Estudo realizado recentemente por Guo Liang, pesquisador da Academia de Ciências Sociais da China, mostra que as compras online continuam impopulares na China. O senhor concorda?
MA: Em 2003, eu teria concordado. Agora, não. No último trimestre sozinho, nada menos que US$ 250 milhões em transações foram feitas através do TaoBao. Então, as compras online estão começando a decolar no país depois de um início tímido. Os meios de pagamento e de logística de distribuição melhoraram muito. Nosso sistema de pagamento Alipay, que resolve o problema da credibilidade, fez as compras online não apenas possíveis como populares.
O senhor poderia contar como foi o negócio com o Yahoo?
MA: Eu conhecia o Jerry Yang desde sua primeira visita a Pequim, há aproximadamente sete anos, quando fui contratado para guiá-lo pela cidade e apresentar a China. Nós continuamos nos comunicando ao longo dos anos e, em maio deste ano, nos encontramos para conversar sobre possíveis parcerias. Nós tivemos uma excelente conversa e, três meses depois, estávamos assinando a associação com eles. Nossa principal razão para comprar o Yahoo China foi aumentar nosso portfólio de negócios com uma ferramenta de busca. Não apenas porque as ferramentas de busca estão em alta na internet, mas porque tanto estes mecanismos quanto os anúncios que eles geram são críticos para o comércio eletrônico. Com a associação, relançamos o Yahoo China e preparamos agora uma estratégia de marketing agressiva.
As ferramentas de busca são a segunda função mais utilizada na internet depois dos emails. Como vocês estão posicionados no mercado chinês?
MA: Como o Yahoo China é também o segundo maior site de emails da China, nós agora temos presença nos dois maiores mercados do país, que segue a tendência mundial.
Como vocês controlam o que é veiculado em seus websites pelos clientes?
MA: O conteúdo é regularmente checado por nossa equipe manualmente e através de programas de palavras-chave.
Como é o seu relacionamento com o governo na administração do site?
MA: Durante todo o tempo em que lido com internet na China, e lá se vão 10 anos, nenhum representante do governo veio dizer: “Jack, você tem que tirar isso do ar”. O governo realmente encoraja o comércio eletrônico e sabe que ferramentas de busca são uma parte vital do negócio. Eu sugiro a qualquer um de fora da China a vir para cá e ver o que está realmente acontecendo — o governo é um dos maiores apoiadores dos negócios de internet, mais ainda que em outros países em desenvolvimento.
O senhor concorda com a idéia de que governos devem usar programas abertos?
MA: Essa escolha depende das necessidades de cada governo. Muitos softwares de empresas privadas são melhores que programas abertos. Então depende.
É fácil ser um empreendedor na China?
MA: A China é provavelmente hoje o melhor lugar no mundo para ser um microempresário. Há oportunidades em todos os lugares. Se você tiver o sonho correto, é possível achar um monte de gente talentosa, inteligente e enérgica para trabalhar com você e fazer do seu sonho uma realidade. As pessoas na China são muito otimistas e ansiosas para melhorar de vida; você tem disponíveis todos os elementos para o empreendedorismo.
O senhor tem algum ídolo no mundo empresarial ou de internet da China?
MA: Eu sempre admirei o famoso escritor chinês Jin Yong [ popular autor de livros sobre artes marciais e filosofias derivadas ]. Seus livros mudaram a maneira como via a vida e a competição nos negócios.
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